Isaquias Queiroz pode gritar: é campeão olímpico. O baiano chegou a Tóquio com a missão de conquistar o ouro, e assim o fez ao vencer a prova da C1 1000m da canoagem velocidade. Ele subiu ao lugar mais alto do pódio após concluir o percurso com o tempo de 4m04s408 nesta sexta-feira no Brasil (manhã de sábado no Japão). O brasileiro de 27 anos, que é o atual campeão mundial da distância, reafirmou o favoritismo e se consagrou, definitivamente, como o grande nome da modalidade.
Agora, Isaquias soma quatro medalhas olímpicas em sua carreira. Ele tinha escrito seu nome na história há cinco anos, quando conquistou três pódios nos Jogos do Rio de Janeiro e se tornou o primeiro brasileiro a realizar tal feito em uma só edição da Olimpíada. Na época, ele faturou a medalha de prata no C1 1.000m e conquistou outra da mesma cor no C2, com o conterrâneo Erlon Souza, também nos 1.000m. E ainda garantiu um bronze no C1 200m, tudo em sua primeira participação no maior evento esportivo do mundo.
O baiano também ostenta 12 pódios em Campeonatos Mundiais (dos quais seis ouros) e quatro em Jogos Pan-Americanos (três ouros).
Na prova no Japão, Isaquias passou na primeira parcial, nos 250m, em terceiro, com 58s31, a apenas 0s26 de distância do primeiro. Na segunda, de 500m, tirou a diferença para apenas 0s01, com 2m00s48. Na terceira parcial, virou o líder, com 3m02s91. E conquistou a prova com 4m04s408. A medalha de prata ficou com o chinês Hao Liu, com 4m05s724, e o bronze foi para Serghei Tarnovschi, da Moldávia, que fechou com 4m06s069.
Em Tóquio, Isaquias já tinha disputado a final da C2 1.000m, ao lado do também baiano Jacky Godmann, mas o pódio na disputa em duplas não veio. Eles não conseguiram ser tão rápidos e terminaram a prova na 4ª colocação.
A parceria, aliás, foi formada há apenas quatro meses, após Erlon Souza ter sido cortado da Olimpíada no Japão por lesão no quadril. Jacky também competiu no C1 1.000m, mas foi eliminado ainda nas quartas de final, na quinta-feira (5). Estreante nos Jogos, o atleta de 22 anos ficou em sexto lugar na sua bateria, mas apenas os dois primeiros seguiam para a semi. Já a C1 200m, que rendeu o bronze para Isaquias em 2016, foi removido do programa olímpico.
Ao mestre
Antes de disputar a final, Isaquias disse que dedicaria a medalha à memória do treinador espanhol Jesus Morlán, a quem considerava como um pai. Considerado o maior técnico da canoagem velocidade, ele morreu em 2018, aos 52 anos, depois de uma batalha de dois anos com um câncer no cérebro.
Os dois começaram a trabalhar juntos em 2013, em São Paulo. A parceria rendeu as três medalhas olímpicas no Rio-2016 e dez pódios em Campeonatos Mundiais. Depois que Jesus morreu, quem assumiu os treinos foi Lauro de Souza Júnior, o Pinda, que era assistente do espanhol
Em 2019, o brasileiro conquistou o ouro da C1 1.000m e o bronze com Erlon Souza na C2 1.000m do Campeonato Mundial. E, em maio passado, ele ficou com a prata na prova individual e o bronze com Jacky Godmann na etapa de Szeged, na Hungria, da Copa do Mundo.
*Fonte: Correio