O que sustenta o comportamento de um fanático? Haveria bases comuns entre as diferentes formas de manifestá-lo? Entenda a seguir por que se trata de uma postura tão nociva para quem a tem.
De uns tempos para cá, as pessoas estão manifestando opiniões cada vez mais radicais, seja sobre política, sexualidade, direitos humanos, religião, etc. Traduzindo: os casos de fanatismo vêm ganhando proeminência.
E as redes sociais parecem facilitar a dispersão desse tipo de mensagem, que acaba encontrando eco entre outros usuários e se retroalimentando. Trata-se de discursos cheios de extremismo, de uma obsessão descontrolada por um conceito, um personagem ou uma pessoa; algo que acaba sendo prejudicial, tanto ao fanático como para quem convive com ele.
O que está por trás do fanatismo? Seria uma forma de ocultar fragilidade e insegurança? É importante entender as bases dessa radicalização, até mesmo porque não se trata de um movimento exclusivo do Brasil, mas que vem ganhando força em todas as sociedades.
Tão extremo, que chega a ser delirante
Por mais distinta que possa ser a personalidade de um fanático por futebol, de um esquerdista ou de extrema direita, por exemplo, há algo que os une: em todos os casos, existe uma adesão incondicional à "causa" pela qual advogam. Essa adesão não tem matizes, nem limites; a pessoa perde a perspectiva e está disposta a fazer o que for preciso para defender suas ideias.
Com esse tipo de postura, é praticamente impossível manter um diálogo saudável. Diante da divergência de opinião, da confrontação, as reações mais normais costumam ser:
♦ agressividade
♦ dificuldade de escuta
♦ expressões de ódio e preconceito
♦ estreiteza mental
♦ pensamento dicotômico, tendência em ver o diferente como inimigo
A psicologia social já analisava o comportamento fanático e das massas há pelo menos dois séculos, olhando com preocupação para todas aquelas convicções que serviam para aprisionar ao invés de libertar. Para tentar entender como funciona o cérebro das pessoas fanáticas, várias disciplinas se dispuseram a investigar o tema.
Alguns estudiosos indicam que um dos fatores que pode desencadear os comportamentos fanáticos é a dopamina, um neurotransmissor intimamente vinculado à forma como manifestamos as emoções e que se ativa quando o organismo obtém uma sensação de prazer. Foi descoberto que sua ativação é proporcionalmente mais potente quanto mais inesperada é a recompensa, e que o cérebro rapidamente se acostuma a essas recompensas neurológicas. O impulso de seguir buscando-as, com a vitória do time, com a preponderação das visões políticas, etc, não deixaria de ser um impulso neuroquímico.
Por outro lado, psicólogos especializados em comportamentos violentos afirmam que é mais fácil que um fanático mude o foco do seu fanatismo do que passe a adotar um comportamento tolerante. Isso estaria associado a uma estrutura mental adquirida, permeada por distorções cognitivas.
Além do mais, o fanático tende a dividir o mundo entre os que pensam como ele e os outros, coisificando o inimigo. As consequências desse tipo de comportamento é a falta de empatia e de compaixão.
Para muitos especialistas, o fanatismo é uma resposta à insegurança e o medo ao julgamento dos demais, funcionando como um escudo de proteção. A pessoa se encerra em convicções absolutistas e inquestionáveis para não ter que lidar com a sua própria fragilidade.
Fonte: br.mundopsicologos.com