Convivendo com o inimigo

Na condição de servidor público aposentado, com experiência profissional e sindical, sinto-me na obrigação de alertar aos partidos considerados de esquerda, com especial atenção ao Partido dos Trabalhadores, que a pandemia bolsonarista está infiltrada na administração pública do país, com tendência a produzir verdadeiros estragos em 2022.

Agrava-se o problema com servidores no exercício de cargos de confiança, alguns por longo período e em posições estratégicas, inclusive disseminando fake news virulentas sem o menor pudor, sem que seus superiores hierárquicos imediatos adotem qualquer providência, quem sabe até, fazendo vistas grossas. Tomemos o governo Waldir Pires como referência, um exemplo de democrata e constitucionalista. Ficou impossibilitado de realizar a tão propalada mudança que prometera, por estar cercado de lobos em pele de cordeiro advindos das gestões viciadas do passado, acostumadas à vassalagem, vida de gado e supressão de direitos.

Pelo que se depreende, nada mudou. A interrupção proposital da CPMI das Fake News não pode nem deve ser fator impeditivo para que se investigue com o máximo rigor tais aberrações, cuja medida procrastinatória - iniciativa do filho do genocida -, tem como finalidade facilitar e perpetuar a propagação da mentira paga com o dinheiro do contribuinte. Para o vírus do bolsonarismo nazifascista que se manifesta pela falta de caráter e desamor à causa pública, inexiste vacina. De uma maneira geral, são inimigos da nossa cultura, da língua pátria, além de desconhecerem por completo a boa prática administrativa, salvo raríssimas exceções.

Sugiro que a combativa militância dê o pontapé inicial e entre em campo, buscando informações, principalmente com relação ao passado dessa gente sem compromisso com o retorno da normalidade democrática. Cargo de confiança, como o próprio nome diz, condiciona a confiança para seu exercício. A velha política do chicote tem doutorado nesse tipo de comportamento execrável. 

Ainda é tempo de promovermos uma verdadeira limpeza na administração pública, com gente que faça por merecer a confiança depositada. Só assim para eliminarmos o mau caratismo, oportunismo, entreguismo e outros males na atividade essencial, verdadeiros aliados da famigerada PEC direcionada à extinção do serviço público. Sempre trabalharam de mãos dadas e sem o menor escrúpulo.

Combater o bolsonarismo é uma obrigação daqueles que querem ver o Brasil definitivamente livre dos capitães de areia.

Que Deus dê vida e muita saúde ao ex-presidente Lula para que possa retornar em 2023 e recolocar o Brasil no topo da economia mundial, resgatando a condição essencial da existência da pátria: a soberania. Impossível continuar convivendo com o inimigo.

Jorge Braga Barretto

Contato: jbbarretto@gmail.com

(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 31.08.2021.