Ladrões pobres, ladrões ricos, ladrões brancos, ladrões negros - que moram no subúrbio e na periferia da cidade – estes não têm escolas, educação, cultura, comida na mesa e tão pouco emprego, mas que encontram no tráfico de drogas e entorpecentes a triste ilusão de ganhar dinheiro fácil, de mudar o destino de suas vidas desgraças, pela falta de toda essa base estrutural, não por opção, antes por imposição de todas essas circunstâncias. Do outro lado temos brancos ricos, residentes em nobres bairros, que estudaram em bons colégios e frequentaram universidades caras e que são filhos de homens e mulheres bem-sucedidos financeiramente e, muitas das vezes, financiaram e/ou abasteceram o tráfico de drogas, comprando maconha, cocaína ou crack, nas mãos daquele já citados, moradores das periferias.
O ladrão rico, não por imposição, mas por opção, também vai à busca do dinheiro fácil ao se candidatar a um cargo público, por meio da política, roubando e delinquindo - tal qual aquele outro da periferia. Todavia, a sociedade e a justiça dão para um e para o outro um tratamento diferente, quando na realidade são todos da mesma espécie: ladrão!
No meio desse lamaçal, estão professores, policiais, profissionais de saúde e outros cidadãos, que não traficam, não roubam, mas servem de massa de manobra para o ladrão político profissional ou para o ladrão amador da periferia.
A minha constatação é de que a sociedade adoeceu. Não existe mais saúde psicológica no seu seio. Aqueles que delinquiram, ou morreram ou foram presos e estão atrás das grades, nos presídios. O restante da sociedade - que não delinquiu, pode até estar solta, mas vive presa, com a falsa sensação de segurança, atrás das grades de suas casas.
Enquanto isso, o político profissional, aproveitador, insano, ganancioso e movido pelo binômio dinheiro e poder, mente para enganar o povo e nada faz para mudar este cenário, que lhe traz vantagens. Aliás, ele, o político, sabe que nada pode fazer, mas o seu instinto de ladrão fala mais alto e segue buscando se eleger e se reeleger, pouco se importando se a próxima vítima sou eu, ou você...
Sabem quando tudo isto poderá ter um fim?
Não será com as mudanças políticas, mas é com a mudança do próprio homem. Quando este passar a enxergar que valores tais como a honestidade está acima da riqueza e que princípios como a lealdade e a honra, estão acima da ambição. Sem dúvida, já será um bom começo para termos homens públicos que apostem na educação das crianças, voltada para princípios e valores como instrumento base da reestruturação de uma sociedade que seja mais justa e igualitária, em todos os sentidos.
O que nós vemos hoje, com a ascensão desses “políticos profissionais ladrões”, é o reflexo dessa falta de estrutura, que viciou e ensinou o jovem a querer ter sempre dinheiro e poder, independente de como e em quais circunstâncias ele conseguiu.
Todos nós, independentemente de onde viemos, se da periferia ou de bairros nobres, possuímos os mesmos objetivos, dentre eles o de viver numa sociedade mais justa, humana e solidária. Não queremos mais sermos tratados à “pão e circo” ou qualquer outro artifício ou armadilha de distração. Precisamos resgatar nossa soberania, nossa liberdade e, acima de tudo, nossa autoestima. Precisamos de mais sete de setembro em nossas vidas ou rapidamente caminharemos para o Juízo Final.
Bel Luiz Ferreira