Pavimentando 2022

Nada justifica a impunidade, entretanto, antes de assistirmos o filme de faroeste - até porque está em desuso pela falta de bandidos -, torna-se necessário retroagir aos anos de chumbo, quando, a partir daí, ocorreram mudanças significativas na vida institucional brasileira, estando a Bahia inserida no contexto. Quem viveu e acompanhou de perto tais metamorfoses, tem plena consciência de que a manutenção do status quo da época, repressor ao extremo, fincou no Judiciário poderosas garras que produziram feridas profundas de difícil cicatrização. Como esquecer o caso Juca Valente, aquele que motivou a edição do livro "Quem suicidou Juca Valente", quando os inúmeros pedidos de reconstituição foram tragados pela prescrição?. Por mais que se dê o tratamento profilático indispensável ao vírus da corrupção, ele continua persistente e imune a qualquer vacina.

As dezenas de operações empreendidas pelos setores competentes no combate ao terrível mal, via de regra, sempre obedeceram ao velho critério da conveniência, tendo como finalidade principal a ser atingida os interesses de políticos oportunistas viciados e acostumados à perpetuação no poder, cuja hereditariedade não surpreende os estudiosos sociólogos no campo da formação político-social, sedimentada na ignorância pela ausência da escola pública e excesso de arrogância e prepotência, sem dispensar o chicote. Estou convencido de que, desde a pálida redemocratização de 1988, todas as iniciativas bombásticas divulgadas nas manchetes dos jornais tidas de cunho moralizatório, não passam de balão de ensaio para atingir em cheio a esquerda brasileira, como vem ocorrendo com o PT.

No caso específico da Bahia, a pavimentação política de 2022 dá sinais evidentes da tentativa de ressurreição do carlismo, o que representaria a retorno aos malfeitos do passado. Quem dedicou quase toda a existência ao verdadeiro sindicalismo praticado por aqui, sabe que passou maus bocados num judiciário subjugado pelo carlismo, quando processos que buscavam reparações salariais e exigiam tramitação regular, passavam longos anos nas gavetas empoeiradas para desespero dos servidores. Quantas gratificações já estabilizadas foram retiradas no passado dos contracheques pelo donatário desta capitania, numa época em que a inflação era galopante, causando desespero diante da impossibilidade de reparação?.

Impossível esquecer o judiciário politizado capitaneado pelos juízes Aloísio Batista e Amadiz Barreto, verdadeiros obstáculos às pretensões de quem ousasse atravessar o caminho do chefe. O Página de Polícia espera que esta nova Operação não se transforme numa Lava Jato, pelas circunstâncias em que esta foi criada, de cunho político, para promover a prisão ilegal de Lula diante da total falta de provas, e facilitar a chegada de um pretenso e tresloucado presidente ao Planalto. Sem dúvida, o pior da história da América Latina.

Queremos ver todos os acusados na Faroeste, se comprovados os fatos, pagando exemplarmente pelos crimes praticados e não a pavimentação de uma herança política maldita para 2022. Dizem que a memória do povo é curta, mas não dá para esquecer a fraude no painel do Senado, uma mancha que entrou para os anais da política baiana.