O compositor Paulinho Camafeu, de 73 anos, faleceu na noite desta segunda-feira (29). Ele esteve em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Subúrbio por cinco dias após sofrer um infarto.
Mais cedo, ainda nesta segunda, o músico sofreu uma nova parada cardíaca que agravou seu quadro de saúde, chegando a precisar de doações de sangue. Contudo, ele não resistiu . "Ele estava sofrendo muito, era muita coisa. Ele já tinha escapado há 6 anos, quando ficou em coma e voltou. E agora encontrou o descanso eterno", comenta Geraldo Badá, amigo próximo do artista.
Camafeu foi transferido para a unidade hospitalar após passar cinco dias em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro do Pau Miúdo. Diabético, o compositor passou a apresentar complicações cardíacas há cerca de 10 dias.
Camafeu já estava com o estado de saúde debilitado. Em consequência do diabetes, teve um pé amputado. De acordo com Badá, o corpo do músico deverá ser sepultado em cerimônia realizada na tarde de hoje (30/11), no Cemitério Campo Santo, onde se encontram os restos mortais de seu pai.
Precursor
Paulinho Camafeu é um dos compositores mais importantes da música baiana das últimas décadas - que desaguou na axé music. Batizado de Paulo Vitor Bacelar, ele foi criado sob as influências do padrinho Camafeu de Oxóssi - outro personagem marcante da Velha Bahia - e herdou dele o sobrenome artístico.
Em entrevista ao CORREIO em 2015, nos trinta anos da Axé, Gilberto Gil assim o definiu: “Paulinho conviveu com grandes cantores e compositores. Cresceu nesse ambiente, muito articulado nos bairros periféricos, absorvendo as culturas desses lugares, onde tinha tudo isso que a gente chama de cultura negra da Bahia. Foi um dos primeiros a manifestar o gosto pela divulgação dessa cultura, um grande músico, um grande pandeirista”.
Este foi o ambiente inspirador para a canção Mundo Negro (Que Bloco é Esse?), que marcou o primeiro desfile do Ilê Aiyê, em 1975, e se tornou um clássico de várias gerações. Na tradução do impacto que o Movimento Black Power teve em nossas terras, Camafeu deu voz aos anseios de muitos jovens negros como ele.
Gravada por Gilberto Gil e depois pelo Rappa, Criolo e outros artistas, o hino segue forte e revigorado a cada Carnaval. Paulinho também foi autor de outro sucesso instantâneo, o Fricote, parceria com Luiz Caldas que gerou o turbilhão chamado axé. “Minha parceria com Luiz Caldas é transcendental”, definiu Paulinho.
Paulinho de Camafeu - Estrêla Vida