A proposta de reajuste salarial de 4% ao funcionalismo público estadual não agradou às categorias. Em entrevista de uma das suas lideranças ao Bahia Notícias, a Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia (FETRAB) protesta diante da disparidade do aumento proposto pelo governo Rui Costa (PT) em relação às perdas contabilizadas pelos servidores nos últimos seis anos.
“Eu estou triste, porque me parece que era uma oportunidade de conciliar os servidores públicos. Há uma insatisfação generalizada dos servidores com o governo. Havia a expectativa de que o estudo do DIEESE fosse levado em consideração. Não com recomposição completa, mas 4% está muito longe dos 44% de perda salarial”, disse Marinalva Nunes, Coordenadora Jurídica da FETRAB.
Marinalva se refere ao levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido do Sindsefaz, sobre as perdas salariais do funcionalismo público baiano nos últimos seis anos. De acordo com o estudo, para que os servidores estaduais recuperem o poder de compra de janeiro de 2015, seria necessário um reajuste de 44,73% pelo IPCA, 11 vezes mais do que o proposto pelo governo.
“É uma penúria o que estamos vivendo. Claro que, no período, houve reestruturação. Mas, no conjunto, para os trabalhadores, foi uma gestão ruim. Esperávamos que, na véspera de um ano eleitoral, nós fôssemos tratados com mais critério e bom senso. No período da pandemia agora, a sociedade de modo geral pôde contemplar o papel e a responsabilidade social dos servidores públicos. Não só na saúde, mas na educação, na segurança, em todas as áreas”, comentou Marinalva.
A coordenadora ainda afirmou que a FETRAB não foi convocada pelo governo do estado para discutir o reajuste, como acontecia anteriormente. Segundo Marinalva, muitos servidores públicos recebem valores inferiores ao estipulado como “salário mínimo”, na faixa de R$ 780.
“É uma coisa real. Nos falta na sobrevivência, na geladeira, no consumo de bens e serviços. É lamentável. Foi de forma unilateral. A Fetrab não foi convocada para nenhum tipo de conversa. Estou perplexa”, finalizou a representante sindical.
Na segunda-feira (20), a proposta de reajuste salarial seria votada na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), mas a apreciação no plenário foi adiada para a próxima quarta (22), devido a uma falta de acordo entre as lideranças do governo e da oposição. Os oposicionistas reclamam que os valores oferecidos são muito abaixo do necessário para repor as perdas inflacionárias dos servidores nos últimos seis anos, enquanto os governistas ressaltam que, para alguns segmentos, o aumento supera 22%.
Lideranças não entram em acordo e reajuste do funcionalismo só deve ser votado na quarta
A votação do reajuste de 4% para o funcionalismo público estadual só deverá acontecer hoje quarta-feira (22/12). As lideranças do governo e da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) não chegaram a um acordo na segunda (20) sobre o aumento dos servidores.
Deputados estaduais de oposição, como Carlos Geílson (PSDB), criticaram o percentual de reajuste proposto pelo governador Rui Costa (PT), alegando que 4% era pouco para repor as perdas inflacionárias acumuladas nos últimos seis anos, período no qual o funcionalismo ficou sem aumento na Bahia.
“Fica muito distante, muito longe da perda salarial, que, segundo o Dieese, passa de 44%. Ora, se não houvesse uma candidatura que colocasse em risco o poder dominante, o grupo que governa a Bahia nos últimos 15 anos, será que haveria reajuste para o servidor ano que vem?” questionou Geílson.
O deputado Rosemberg Pinto (PT), líder do governo na Casa, ressaltou que, para alguns segmentos do funcionalismo público estadual, como policiais militares, professores universitários e profissionais da Saúde, o reajuste chega pode variar de 7% a 22%.
“Não tivemos tempo, porque esse projeto chegou no sábado, para conversar melhor. Conversei que o deputado Sandro Régis [líder da oposição, do DEM], que nós não votaríamos ele hoje, para que desse uma oportunidade de conhecer melhor o projeto”, disse Rosemberg.
O líder do governo apenas fez um apelo para que o reajuste seja votado ainda em 2021, para garantir que o aumento comece a ser aplicado já em janeiro de 2022.
Fonte: FETRAB.
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