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RACISMO AMBIENTAL E A LUTA DE AMBULANTES.

O “cidadão de bem” é a simbologia do capitalismo, burguesa, utilitarista e individualista.

15/02/2022 às 11h54 Atualizada em 29/03/2022 às 20h18
Por: Carlos Nascimento Fonte: Prof. Me. Lisdeili Nobre
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RACISMO AMBIENTAL E A LUTA DE AMBULANTES.

Visualizando uma discussão de um grupo de moradores de um condomínio houve uma tempestade de manifestações contrárias a presença de um vendedor ambulante que tinha fixado as margens da pista, uma estrutura de proteção do sol, para vender suas frutas.  

O racismo ambiental é a discriminação racial em políticas de ambientes. O termo foi empregado pela primeira vez por Benjamim Franklin Chavis, nos Estados Unidos. Mas o racismo ambiental manifestado pela intolerância energética dos moradores com a presença do vendedor de banana, irei falar a luz da biopolítica de Michel Foucault, o qual brilhantemente explica as dificuldades sociais que se tem em viver ao lado daqueles que não estão em pleno exercício das civilidades padrões para o dito “cidadão de bem”. 

O “cidadão de bem” é a simbologia do capitalismo, burguesa, utilitarista e individualista. O Estado burguês e capitalista produziu uma sociedade na qual os indivíduos são separados da sua comunidade natural e reunidos de forma vulgar e anônima que é a de massa. O capitalismo produz massas. Foucault menciona que o capitalismo e a sociedade burguesa privaram indivíduos da comunicação direta e imediata entre si e obrigaram-nos a comunicar apenas um intermédio de um aparelho administrativo e centralizado que é o Estado, pois isto se evoca tanto a “lei”, quando a presença desagrada.  

Neste sentido as frases destas discussões eram essencialmente “cumpra a lei”, “fiscaliza área e retire o ambulante”. Uma das principais justificativas da sua retirada tem capa de humanidade, alegando se que poderá causar um acidente de trânsito, pois vende-se frutas a margens de uma pista de BR. O vendedor está irregular e tem potencialidade de causar acidentes de trânsito, além do que todos estes fundamentos encontram respaldo legislativo. Vivemos na sociedade de consenso estatal e o que não cumpre os códigos normativos o seu silogismo o definirá como desviante. 

Entretanto, para este vendedor ser visto em uma perspectiva singular, exigirá relações mais complexas, cuja conjunturas foram retiradas pelo individualismo capitalista e pelas dificuldades que se tem em integrar esta venda de bananas, com análises antropológicas, políticas e sociais, além do mais que a localidade que ele  vende bananas de forma irregular, teve uns dos maiores êxitos rurais do Brasil, causando imensas camadas periféricas de famílias pobres coabitadas pelo comercio informal e ilícito. 

Estamos preocupados com o acidente que faria vítimas ou a sua presença gera uma poluição visual e desvalorização imobiliária? Alveja-se alma com doações midiáticas, mas retornamos para nossos enclaves fortificados condominiais das nossas individualidades e preferimos a distância.  

Agora esta intolerância enérgica com o vendedor de bananas na esquina do Condomínio é diferente quando se muda os personagens?  Por qual motivo não se incomoda tanto com a presença daqueles que sonegam impostos e frauda contratos de licitações? O maleficio tais crimes contra a administração pública, não permitiu o vendedor de bananas ter acesso uma formação profissional competitiva no mercado de trabalho e o impede de morar dentro do enclave fortificado e vender em um comércio com alvará do Estado. Se não tolerássemos os patrimonialistas do dinheiro e de locais públicos, com certeza hoje ter-se-ia um lugar para vender as suas frutas dentro padrões legais.   

Politize e participe da vida política do seu país. 

Prof. Me. Lisdeili Nobre

Contato: lisdeilinobre@hotmail.com

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