Os recentes atentados praticados em curto espaço de tempo contra as delegações do Bahia, Grêmio e Cascavel, lesionando com certa gravidade alguns jogadores, guardam forte relação com fatos pretéritos ocorridos antes e durante a Copa de 2014 - ponta pé inicial para o golpe de 2016 -, ao tentar desestabilizar a presidente Dilma, quando atos violentos postos em prática por milicianos e demais segmentos nazifascistas não mediram esforços para desgastar ao máximo o governo.
Promoveram uma série interminável de manifestações intimidatórias, tendo na inconcebível e humilhante goleada de 7x1 contra a Alemanha, a prova irrefutável de que a pouca vergonha remonta aos idos de 1998 - na oportunidade triturados pela França na final por 3x0 -, em meio ao escândalo da Nike e uma inesperada convulsão de Ronaldo que o excluiu da partida decisiva, circunstâncias até hoje não esclarecidas. É assim que a banda toca quando milhões estão em jogo. O terrorismo no futebol é inaceitável como forma de pressionar jogadores a produzir resultados positivos em campo. Como também é inaceitável que os poderes constituídos cruzem os braços em situações que tais. A impunidade é decorrente da má aplicação das leis e da leniência daqueles que têm a obrigação de investigar e identificar os criminosos.
Agrava-se o caso em questão por envolver as famigeradas torcidas organizadas, que deveriam ter sido extintas há muito tempo. Com a proximidade das eleições, esse tipo de modus operandi pode ser uma iniciativa dos inimigos da democracia no intuito de criar sérios embaraços à ordem institucional no transcorrer da campanha eleitoral, e o futebol já demonstrou, como poderoso instrumento de alienação, que é um prato cheio a ser explorado pela manipulação exacerbada do fanatismo dos incautos e desinformados.
Ninguém espere céu de brigadeiro a partir do início da campanha prestes a começar. Cumpre ao Ministério Público abraçar a causa e varrer das praças esportivas os elementos perniciosos que fazem da contravenção e das infrações penais a razão de ser das torcidas organizadas. Caso contrário, a insegurança nos estádios terá como consequência a inevitável fuga dos torcedores.
Aguardemos a identificação de todos os envolvidos nos atentados recentes, e que sejam punidos exemplarmente antes que o pior aconteça.
Afinal, lugar de bandido é na cadeia.
Jorge Braga Barretto
Contato: jbbarretto@gmail.com
(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 03.03.2022.