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Morre Mario Terán Salazar, militar boliviano que assassinou Che Guevara

"Sentia que se jogava em cima de mim e quando me olhou fixamente, tive um enjoo. Pensei que com um movimento rápido, o 'Che' poderia tirar minha arma. 'Fique sereno - me disse - e mire bem! Vai matar um homem!' Então, dei um passo para trás, até a soleira da porta, fechei os olhos e atirei", contou o militar.

18/03/2022 às 11h14 Atualizada em 18/03/2022 às 15h34
Por: Carlos Nascimento Fonte: cartacapital.com.br/
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Morre Mario Terán Salazar, militar boliviano que assassinou Che Guevara

Morreu em Santa Cruz de la Sierra nesta quinta-feira 10, aos 80 anos, o sargento boliviano Mario Terán Salazar, conhecido por ter assassinado o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, líder da revolução cubana, em 9 de outubro de 1967.

De acordo com o jornal Clarín, pessoas próximas informaram que Terán Salazar estava doente, "Morreu de câncer de próstata", confirmou à AFP seu filho, Mario, acrescentando que o militar faleceu por volta da meia-noite local (01h em Brasília) de quinta-feira.

"Estava doente e não havia nada a fazer", disse mais cedo à AFP Gary Prado, o militar que capturou o Che na selva boliviana há 54 anos.

"Fui avisado pela família e colegas das Forças Armadas porque ele estava internado no Hospital Militar", explicou.

Gary Prado, general que comandou o pelotão responsável pela captura de Che Guevara, disse a uma rádio que tinha uma boa relação com Terán Salazar e que o oficial havia cumprido uma “ordem superior”.

Depois de concluir seus estudos em medicina e de múltiplas viagens que forjaram suas convicções, Guevara, nascido na cidade argentina de Rosario, conheceu Raúl e Fidel Castro no México, antes de ingressar na guerrilha que levou os "barbudos" ao poder em Cuba, em 1959.

Anos depois de sua infrutífera tentativa de propagar a chama da revolução armada no Congo, seguiram-se meses de "desaparecimento" antes de envolver-se, na Bolívia, em sua última guerrilha.

À época, Che Guevara havia chegado à Bolívia após fracassar na tentativa de instalar uma revolução no Congo. Ainda assim, estava decidido a levar a outros países o projeto revolucionário que teve êxito em Cuba.

Conforme ressalta o Clarín, Che Guevara buscava estabelecer uma base de treinamento na Bolívia e tinha como objetivo final o seu país de origem, a Argentina. O exército boliviano, porém, descobriu a formação de um grupo insurgente no território de Ñancahuazú, que permitiria acesso ao norte argentino.

Em 8 de outubro de 1967, o exército boliviano deteve Guevara, figura mítica da luta armada durante a Guerra Fria, com apoio de dois agentes da CIA cubano-americanos.

O Che estava à frente de um grupo de guerrilheiros que tinha sobrevivido a combates, à fome e a doenças.

Após alguns meses, o revolucionário foi capturado e levado a uma escola chamada La Higuera, onde foi assassinado aos 39 anos. O corpo do guerrilheiro foi levado posteriormente à cidade de Vallegrande e fotografado em um hospital sobre uma superfície de mármore.

Ferido em combate, foi levado para uma escola abandonada no povoado de La Higuera.

Ali passou sua última noite. Foi crivado de balas no dia seguinte por Terán com o aval do então presidente René Barrientos (1964-1969), um anticomunista ferrenho.

"Esse foi o pior momento da minha vida. Nesse momento, vi o 'Che' grande, muito grande, enorme. Seus olhos brilhavam intensamente", relatou Terán na época.

"Sentia que se jogava em cima de mim e quando me olhou fixamente, tive um enjoo. Pensei que com um movimento rápido, o 'Che' poderia tirar minha arma. 'Fique sereno - me disse - e mire bem! Vai matar um homem!' Então, dei um passo para trás, até a soleira da porta, fechei os olhos e atirei", contou o militar.

Aos 39 anos, o Che se tornava uma lenda, enquanto seu corpo, inerte, e seu rosto com os olhos abertos era exibido como um troféu na cidade vizinha de Vallegrande, uma imagem imortalizada pelo fotógrafo da AFP Marc Hutten.

Após 30 anos de serviço, Terán se reformou e se manteve no anonimato, evitando a imprensa. Chegou, inclusive, a afirmar que o assassino de Guevara não tinha sido ele, mas outro militar com mesmo nome e sobrenome.

Fonte: cartacapital.com.br/

BIOGRAFIA

Biografia de Che Guevara

Che Guevara (1928-1967) foi um guerrilheiro e revolucionário argentino, um dos principais líderes da Revolução Cubana. 

Guevara se tornou o braço direito de Fidel Castro, foi presidente do Banco Nacional e mais tarde Ministro da Indústria de Cuba. Acreditava na construção do Socialismo. Na Bolívia, organizou um grupo guerrilheiro com o objetivo de unificar o regime político da América Latina.

Infância e juventude

Ernesto Guevara de La Serna nasceu em Rosário, Argentina, no dia 14 de junho de 1928. Filho de Ernesto Guevara y Lynch, renomado professor de Direito, congressista e embaixador, e de Celia de La Serna y Llosa, de família aristocrática. Desde criança, sofria com asma, motivo pelo qual foi dispensado do serviço militar.

Em 1944, Che Guevara passou a trabalhar como funcionário da Câmara de um vilarejo próximo. Em 1946, a família se mudou para Buenos Aires e em 1947, Che ingressou no curso de medicina na Universidade de Buenos Aires.

Seu gosto por aventuras pouco convencionais o levou a interromper os estudos no terceiro ano e percorrer sozinho durante seis semanas, boa parte do norte da Argentina em uma bicicleta na qual adaptou um pequeno motor.

De volta a Buenos Aires, Che retornou à universidade e após concluir o quarto ano consegue uma credencial de enfermeiro para trabalhar em navios da petrolífera estatal.

Aventura de moto pela América Latina

Sua primeira viagem durou seis meses a bordo do Anna G, no qual percorre toda a costa sul-americana até chegar a Trinidad e Tobago no Caribe. Nessa época escreveu o ensaio, Angustia.

De volta aos estudos, Guevara idealiza com seu amigo Alberto Granado a aventura de percorrer toda a América Latina, saindo de Córdoba a bordo da “La Poderosa”, uma Norton de 500 cilindradas de propriedade de Alberto.

Em 14 de janeiro de 1952 os amigos iniciam a viagem. Foram seis meses de estrada, inicialmente percorridos na moto, depois de carona, a pé e em alguns trechos de avião. As enormes contradições sociais da América Latina reforçaram seu ideal socialista.

Em 1953 Che Guevara conclui o seu curso de Medicina. Seu foco era na área de imunologia. Foi convidado pelo Dr. Pisani para trabalhar na clínica especializada em alergias.

Com ideias revolucionárias, Guevara partiu para a Guatemala, onde Jacobo Arbenz realizava um amplo programa de reformas sociais. O golpe de estado do ano seguinte, no entanto, obrigou Guevara a sair do país. Desde sua primeira aventura, Guevara deixou tudo registrado em um diário.

Guevara em Cuba

Em 1954, Guevara foi para o México, onde conheceu os irmãos Fidel e Raul Castro, que estavam exilados depois do golpe de estado de Fulgencio Batista, apoiado pelos americanos.

Depois de aprender técnicas de guerrilha, se integrou ao Movimento Nacional Revolucionário. Em novembro de 1956, o grupo dirigido por Fidel Castro desembarcou em Cuba, na província de Oriente.

No primeiro confronto com as tropas de Batista, morreram quase todos os revoltosos. Fidel, Guevara e os poucos sobreviventes se refugiaram na serra Maestra, de onde teve início a guerrilha.

Em janeiro de 1959, após vitórias decisivas, e a morte de centenas de homens fuzilados sumariamente, em Cuba, Guevara, Fidel e Raul Castro ocupam Havana e foram saudados pela população.

Com as mudanças política no país, Fidel nomeou Che Guevara para a diretoria do Instituto Nacional de Reforma Agrária, depois para presidente do Banco Nacional e mais tarde para Ministro da Indústria.

Aos poucos, Che começou a nacionalizar a indústria e foi o principal defensor do controle estatal das fábricas. Como resultado de suas intervenções, a produção agrícola caiu pela metade e a indústria açucareira, o principal produto de exportação de Cuba, entrou em colapso.

Em 1963, em estado de penúria, a ilha passou a viver da ajuda enviada pela então União Soviética. Sem ter mais o que fazer em Cuba, divergindo de Fidel em questões relativas ao desenvolvimento econômico e sem ter mais o que fazer em Cuba, viu seus ideais revolucionários fracassarem. Decidiu deixar Cuba e partiu para ajudar outras revoluções.

África e Bolívia

Em 1965, Che foi combater no Congo, na África, com outros 100 cubanos para auxiliar na luta contra a ditadura do General Mobutu. Paralisado por rivalidades tribais, mesmo propondo lutar até a morte, foi demovido pelos próprios soldados que não aceitaram o sacrifício numa guerra sem sentido.

Com o fracasso, seguiu para a Bolívia, local escolhido para sua nova aventura, onde organizou um grupo guerrilheiro, com o objetivo de unificar os países da América Latina sob a bandeira do socialismo.

Além da falta de apoio do povo boliviano, que tratou Guevara e os cubanos como um bando de salteadores, a expedição fracassou, também pela traição do Partido Comunista Boliviano.

Durante seis meses, sem o apoio dos camponeses, o guerrilheiro esquerdista e seus comandados vagaram pelas montanhas, até serem descobertos pelo exército boliviano.

Guevara é paradoxalmente visto como um símbolo da luta pela liberdade, mas ele estava sempre disposto a eliminar a tiros os adversários, mesmo os que vestiam a mesma farda que ele. Foi responsável pela morte de 49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar.

Captura e morte

Entre a captura e a execução de Che na Bolívia, passaram-se 24 horas. No dia 8 de outubro de 1967, foi capturado e no dia seguinte, morto por uma rajada de tiros a mando do Coronel Zentero Airaya.

Che Guevara faleceu em La Higuera, na Bolívia, no dia 9 de outubro de 1967. Seus restos mortais foram encontrados, 30 anos depois, em uma vala comum, na cidade de Vallgrande e levados para Cuba, sendo sepultado no Mausoléu Guevara, em Santa Clara na província de Villa Clara.

Filmes sobre a vida Che Guevara

Diários de Motocicleta (2004), com direção de Walter Salles, baseado no diário escrito por Che durante a aventura realizada com Alberto Granado por países da América Latina.

Che (2008), de Steven Sodebergh, conta a biografia de Guevara em duas partes. Che: o Argentino e Che: Guerrilha.

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