Não se constituiu surpresa a privatização da maioria dos clubes brasileiros - grandes e pequenos -, por um simples motivo: estão falidos. Uma vez que nossa economia vai de mal a pior, com a espiral inflacionária corroendo o poder aquisitivo da população, a bomba de efeito retardado vai explodir também no bolso dos torcedores apaixonados, incautos e cada dia mais alienados, nada preocupados com a luta pela sobrevivência.
Abraçam de corpo e alma o mundo fantasioso da bola, pavimentando a ganância dos espertos dirigentes, empresários e jogadores, cabendo aos torcedores esvaziar os bolsos e superlotar os estádios para alegria dos espertalhões. Depois do apito final, vencedores ou derrotados retornam aos lares, felizes ou tristes, inconscientes quanto ao estrago financeiro, principalmente daqueles com baixo poder aquisitivo.
Ora bolas, como pode um povo sem senso crítico perceber os estragos provenientes da privatização dos clubes, se sequer tem noção da real situação do país em que vive, entregue aos oportunistas colonizadores estrangeiros preocupados exclusivamente em abarrotar os cofres? Que não se iludam aqueles torcedores que fazem pouco caso do problema. Estão num beco sem saída. Se a corrupção manda e desmanda em quase todos os segmentos, o que esperar do esporte das multidões com os clubes "Cityados"?. Muita lavagem de dinheiro, proliferação das torcidas organizadas, milicianos, contraventores e violência sem controle, dentro e fora dos estádios. Quem duvidar que dê tempo ao tempo. A bola não pode ser substituída pela escola, nunca. Só no Brasil, terra de ninguém.
Jorge Braga Barretto
Contato: jbbarretto@gmail.com