Esses sintomas foram me dominando e acabei sem forças pra conseguir sair de casa, ver gente ao meu redor, ouvir vozes. Como se explica uma pessoa como eu, ativa, dinâmica, de bem com a vida, resiliente, se ver numa situação dessa... pirei mais e mais. Hoje, passados 6 anos, vejo com clareza que eu já vinha dando sinais de que não estava psicologicamente bem. Mas os afazeres do dia a dia não me permitiu perceber.
A gente acaba se envolvendo com os problemas alheios, que esquecemos de dar atenção a nós mesmos. Julgamos que por termos emprego, casa, família, condições de se alimentar, vestir, de poder se presentear com momentos de lazer, viagens, não temos motivos pra termos problemas, mas o ser humano tem necessidades além do que podemos ver e pegar... E sem que a gente perceba, absorvemos tristezas, problemas, frustrações, dores, que não são nossas e que vão se acumulando e mesmo que os nossos problemas sejam pequenos, comparados com os dos outros, um dia acaba enchendo, enche e transborda, transborda a ponto de nos encobrir e um dia acordamos e não nos reconhecemos.
Sentimos medo, sem saber de que, angústia que não reconhecemos, dores injustificadas, emoções exageradas... enfim, deparamos diante de um mundo desconhecido e ficamos sem saber como fomos parar ali, se pertencemos àquele lugar. O medo nos invade e agora, como encarar o momento seguinte... nos vemos perdidos e solitários, mesmo quando cercados por amigos, familiares, gente que faz de tudo pra nos ver bem, saudáveis, felizes.
É gente... a vida tem disso.
Edvaldina Pessoa – EPC/BA