Não adianta mais falar mal d’Ele e denunciar suas mazelas. Nem insistir em apontar o seu projeto de atraso e as suas truculências.
Nessa altura do campeonato, continuar apontando a estreiteza mental e a vileza moral de Bolsonaro é girar em círculo, sem qualquer resultado prático.
Também de nada vai adiantar ficar olhando pelo retrovisor do tempo e apontar responsáveis pela sua ascensão política.
Seu perfil fascista, e muito mais, é claro como um dia de verão. Imobilizados pelos lamentos, não chegaremos a lugar nenhum.
Agora, o risco é maior. Requer coragem, lucidez e desprendimento para evitar o golpe militar em curso.
As forças políticas e lideranças de oposição, muitos com culpa no cartório, precisam repensar suas práticas.
Elas insistem em dois erros primários: restringem a luta em defesa da democracia aos âmbitos partidário e congressual e seguem divididas por projetos pessoais.
O embate contra os partidos que dão sustentação ao presidente-troglodita e as batalhas na Câmara e no Senado são indispensáveis, é verdade, mas insuficientes.
Não se constrói Democracia sem a participação ativa da população, nem se pode contrapor à ameaça autoritária apenas com argumentos.
Talvez, até, já tenhamos perdido o bonde e não haja mais tempo.
Sem uma ampla articulação de candidatos, partidos, lideranças políticas e empresariais e todos os setores democráticos da sociedade, em torno de uma proposta explícita para tirar o país do caos, que catalise apoios amplos e coloque de novo o povo nas ruas, a besta-fera, que teima em rosnar, poderá impor à nação o seu desejo de destruição da nossa frágil Democracia.
Utopia, dirão muitos. Inviável, outros assegurarão.
Pode ser, não é fácil.
Mas, fora de uma grande frente de resistência ao bolsonarismo, com a união nacional das forças que lutam pela dignidade da vida, poderemos estar caminhando para o pior.
Os desafios a serem superados são enormes, entretanto, eles são muito mais subjetivos do que objetivos.
Em nome do futuro, o momento exige grandeza. Sem conveniências pessoais ou partidários, egos hipertrofiados, ambições corporativas, ressentimentos e personalismos.
Fora disso, será o imponderável.
Por Aécio Pamponet
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