Para todo Deus há um demônio. Para todo sistema de ideias implantado é necessário refutar o que lhe contesta. O “berço civilizatório” neoliberalista tratou muito bem de naufragar o potente discurso do desenvolvimento da riqueza social prometido por Marx, a partir da construção de uma sociedade pós-capitalista de concepção individualista e concentradora de renda, a qual levará ao fim do mundo ou, ao menos, da espécie humana.
Para que o neoliberalismo pudesse ser implantado como norma padrão culta da economia imperialista, teorias adversas devem e foram demonizadas com discursos sofistas, requintados como as nossas atuais Fake News. Vendeu-se o neoliberalismo como sinônimo de “Jardim do Éden” e tornou uma crença sedimentada. E tudo foi muito bem-feito pelos liberais, nega-se o socialismo sem mesmo conhecê-lo. Já se tornou um exercício mental consciente e inconsciente.
O socialismo tornou-se utópico até mesmo para os que conseguem compreendê-lo. Colonizados, cooptados ideologicamente com as teorias da Revolução Francesa, vislumbramos o “paraíso humano” com o Estado Liberal e supostamente democrático. Diante da opressão absolutista para os franceses de 1789 era concebível e até justificar o grito de liberdade e igualdade.
Entretanto o grito de “Estado perfeito” acabou paulatinamente mostrando para a humanidade que o grito por liberdade apenas havia mudado de lugar. Da realeza para a burguesia e a tal liberdade jamais foi almejada para todos. A humanidade embarcou em um “desvaneio apocalíptico” com consequências ruinosas que seriam visíveis aos olhos de todos. Em nome da “santa” Liberdade, a humanidade consentiu a escravidão de nações colonizadas, os regimes nazifascistas e as intermitentes lutas expansionistas do mundo ocidente neoliberal, capitaneado pelo grupo dos poderosos da OTAN.
Os governos ocidentais continuam sendo de poucos e para poucos e qualquer relampejo para uma democracia real que representa uma diversidade étnica e cultural, reacende a fúria do regime White supremaçy mantido através de engendradas e atualizadas biopolíticas das oligarquias neoliberalistas. Isto sim é uma ideia de utopia irrealista e funesta.
Inspiro-me em Domenico Losurdo e com ele afirmo que não perdemos jamais o espectro de colonizado e nem perderemos fácil, porque esta utópica liberdade estruturou-se socialmente e politicamente. Nossa principal referência de colonialidade política é a República estadunidense e com eles aprendemos a legislar para uma “aristocracia racial” em políticas publicas mascaradas de bem comum, mas que efetivamente sempre separaram brancos de pretos e o colocando os primeiros em uma posição de poder e privilégios.
Esta “linha de cor”, tornou-se rígida, intransponível e imperceptível, tornamos uma comunidade humana sem espírito coletivo, sem empatia ao próximo. Vivendo a utopia neoliberal, nascemos, crescemos e morremos integrados em plano nefasto que tira a capacidade de pensar e agir coletivamente. Somos individuais em bolhas sociais.
Os patriarcas neoliberalistas arregimentaram gerações governamentais repulsando qualquer pretensão em construir um Estado de bem-estar, incutindo a ideia social como uma intervenção arbitrária sobre natureza física e humana.
Repito nem as piores tragédias humanitárias como holocausto, as guerras inventadas pelos países ocidentes, crises climáticas, correntes migratórias não conseguem apagar o poder ilusório do mercado como sinônimo de desenvolvimento espontâneo e natural.
Quem não vai dizer que a corrida expansionista em busca da liberdade individual não significou para toda uma humanidade a perda de diversas liberdades?
Se perdemos a oportunidade de nos inspirar no Manifesto Comunista de Karl Marx e já estamos submersos naquilo que aprendemos como suposta “liberdade”, nos resta tentar sair dos antagonismos sociais e vislumbrarmos um ponto de conciliação entre a “liberdade individual” e a “igualdade” privilegiada pelo “socialismo e pelo comunismo”.
Quem enxerga lute para que os que estão iludidos!
Prof. Me. Lisdeili Nobre - Mestre em Teologia na linha de pesquisa em Ética e Gestão pela Faculdades EST São Leopoldo/RS,atualmente é Delegada de Polícia Civil no Plantão Central - 6. Coordenadoria Regional de Policia Civil de Itabuna, professora da Faculdade de Tecnologia e Ciências no curso de Direito na Cadeira de Direito Público, nas disciplinas Direito Ambiental, Projeto Integrador, Direito Penal (parte geral e especial), Criminologia, Direito Constitucional, Direito Civil (Responsabilidade Civil), Meios Consensuais de Soluções de Conflitos. Coordena e desenvolve a extensão do Curso Direito da FTC. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Publico. Possui graduação em Direito pelo Centro Universitário do Triângulo (1999). Especialista em Gestão Pública na Universidade Estadual de Santa Cruz, Especialista em docência do Ensino Superior pela Unime em Itabuna, Pos graduada em Planejamento de Cidades pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Pos graduando em Ensino Cientifico e Cidadania no Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia da Bahia - campus Uuçuca.
Contato: lisdeilinobre@hotmail.com
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