Apesar de hoje residir distante do Estado da Bahia, acompanho os fatos relativos a este Estado, e em especial, a capital Salvador, local onde morei por cinco décadas e meia, e trabalhei com segurança pública por mais de trinta e dois anos.
É evidente que devido a minha função, policial, tenho um olhar mais apurado acerca deste assunto, e vejo com muita tristeza, os atuais acontecimentos.
É inexplicável em pleno século XXI, no ano de 2022, um Estado Brasileiro conviver com pessoas retiradas de seus lares, e ou de locais públicos e simplesmente sumirem. Algumas destas infelizmente, só encontram dias, ou meses depois, o cadáver, em algum ponto de desova, ou no instituto médico legal, como indigente.
As famílias dos "desaparecidos", em alguns casos, atribui a terem sido a vítima levada por prepostos policiais. Vejam que vivemos em tese, em um estado democrático de direitos, onde deveria ser assegurado aos cidadãos, todas as suas garantias fundamentais. É inaceitável o Estado da Bahia não conseguir prover esta garantia, este direito do cidadão. Importante lembrar que fatos lamentáveis como os ocorridos atualmente, eram comuns durante o período ditatorial (1964/1985). Hoje deveria ser inconcebível, principalmente advindo de um governo dito republicano.
A Bahia vive na segurança pública, com certeza absoluta, seus piores momentos, fruto de uma total falta de política pública, e despreparo dos seus atuais gestores. Desde o início do governo petista que o governo praticamente abandonou a pasta, e de forma irresponsável deu "carta branca", para o navio ir a deriva. Faltou investimentos, reconhecimento e principalmente competência. A polícia civil foi irresponsavelmente sucateada, enquanto a polícia militar passou a ser usada com desvio e usurpação de funções. É comum hoje a polícia militar anunciar nas redes de operações policiais, um inúmero de viaturas despadronizadas, o que outrora era atribuição da polícia civil, já que a mesma exerce as funções investigativas, enquanto a PM possui funções repressiva, ostensiva, ao menos é o que diz a Constituição federal.
A segurança pública baiana chegou a um limite de descrédito, de falta de respeito e de confiabilidade, frente a sociedade, ao qual sem dúvidas, será muito difícil resgatar. Na atualidade ambas as polícias estão desmotivadas, com baixíssimos salários, inversão de valores, despreparo técnico, e porque não dizer, até moral, visto os últimos acontecimentos.
Caberá ao próximo governo um trabalho árduo, e muito difícil, de colocar as polícias civil e militar, no lugar de onde nunca deveriam ter saído, lugar este de honra, de respeito. Não tenham dúvidas que só a saída de governantes que passam um péssimo exemplo, momento em que subtrai 49 milhões dos cofres públicos, e não dão a mínima satisfação, gestores que são indiciados em operações do superior tribunal de justiça, e por aí vai...
A população cabe o dever de saber escolher melhor os seus representantes, pois não se pode cobrar nada, quando escolhemos bandidos para nos governar.
Bel Luiz Ferreira
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