O ex-presidente e candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na quinta-feira (25) em entrevista ao Jornal Nacional que "não pode dizer que não houve corrupção" na Petrobras em governos petistas. Ele ainda admitiu erros da ex-presidente Dilma Rousseff na economia e disse que quer pacificar o país.
Lula é o terceiro candidato a ser entrevistado nesta semana pelo JN. Na segunda-feira (22), foi o presidente Jair Bolsonaro (PL); na terça (23), o candidato Ciro Gomes (PDT). Nesta sexta-feira (26) é a vez de Simone Tebet (MDB).
Foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho. André Janones (Avante), que estava entre os cinco, retirou a candidatura.
Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.
Logo no início da entrevista, Lula foi questionado sobre casos de corrupção na Petrobras durante governos petistas, investigados pela Operação Lava Jato.
Ele lembrou que investigados que fizeram delação premiada confessaram a corrupção. Diante disso, segundo Lula, não há como dizer que não houve irregularidades.
"Deixa eu te falar uma coisa, você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram", disse Lula.
Na sequência, ele criticou o fato de delatores terem tido penas e sanções reduzidas.
"O que é mais grave é que as pessoas confessaram e, por conta das pessoas confessarem ficaram ricos por conta de confessar. Ou seja, foi uma espécie de uma delação premiada. Você não só ganhava liberdade, por falar o que queria o Ministério Público, como você ganhava metade do que você roubou. Ou seja, o roubo foi oficializado pelo Ministério Público", prosseguiu Lula.
Questionado sobre o que fará, caso eleito, para combater a corrupção, Lula disse que é preciso denunciar e punir os culpados.
"Punindo as pessoas, denunciando as pessoas. O que eu acho maravilhoso é denunciar a corrupção. O que é grave é quando a corrupção fica escondida. Por isso que eu acho importante uma imprensa livre. Por isso que eu acho importante uma justiça eficaz. Porque se tiver um problema de corrupção, tem que ser denunciado", declarou o candidato.
O candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, do PL, e o candidato do PDT, Ciro Gomes, foram entrevistados na segunda e na terça, respectivamente.
Em quarenta minutos, o Jornal Nacional abordou os temas que marcam essas candidaturas. E o candidato teve um minuto para as considerações finais.
Veja, abaixo, rechos da entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva ao Jornal Nacional:
Lista tríplice da Procuradoria-Geral da República
Relacionamento com o Congresso
Orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas parlamentares chamadas de emendas de relator. Elas obedecem a filtros menos transparentes que outras emendas e são distribuídas com base em critérios arbitrários.
Para Lula, o poder Executivo ficou refém do Congresso em razão do orçamento secreto.
"Hoje, não é só o presidente da República, não. Os governadores dos estados estão reféns dessas emendas secretas também. Porque antigamente o deputado ia conversar com o governador para fazer a aplicação de verba. Hoje, os deputados não conversam mais. Tem deputado liberando R$ 200 milhões, R$ 150 milhões, R$ 100 milhões. Isso é um escárnio. Isso não é democracia", argumentou Lula.
Para o ex-presidente, o orçamento secreto é uma “usurpação do poder”. Lula disse ainda que a prática fere o modelo presidencialismo. Ele argumentou que não pode haver um “semipresidencialismo” ou “semiparlamentarismo” dentro do regime presidencial.
"Isso aqui é usurpação do poder. Ou seja, acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento", argumentou o ex-presidente.
“Acabar com essa história de semipresidencialismo, de semiparlamentarismo no regime presidencial. O Bolsonaro parece o bobo da corte, ele não coordena o orçamento”, completou.
Na entrevista, o petista ainda se comprometeu a acabar com a prática em dois passos. O primeiro é a eleição de deputados e senadores “com outra cabeça”. O segundo, convencer os parlamentares a abandonar as emendas.