SAÚDE Saúde
Cambridge reforça eficácia de mosquitos modificados contra doenças
Insetos com bactéria Wolbachia reduzem casos de dengue
04/10/2022 16h31
Por: Redação Fonte: Agência Brasil

Um estudo publicado na revista científica The Lancet - Infectious Diseases por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, reforça as evidências de que a estratégia de soltar mosquitos com a bactéria Wolbachia reduz a incidência de doenças como a dengue e a chikungunya.

"Nossos resultados oferecem mais evidências de quewMel[mosquitos com Wolbachia] podem reduzir consideravelmente o peso - para o sistema público de saúde - de diferentes arboviroses [doenças] em uma mesma comunidade. O estabelecimento dawMelem comunidades urbanas complexas como o Rio de Janeiro é um grande desafio, e entender por que sua introdução em populações deAedes aegyptié mais rápida e mais homogênea em algumas localidades que em outras vai ajudar a viabilizar seu sucesso no futuro", diz o artigo, que relaciona a liberação dos mosquitos com uma redução de 38% na incidência de dengue e 10% de chikungunya.

A pesquisa foi feita em parceria com oWorld Mosquito Program(WMP/Brasil), iniciativa que, no Brasil, é conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entre 29 de agosto de 2017 e 27 de dezembro de 2019, 67 milhões de mosquitos foram liberados em cinco áreas da zona norte do Rio de Janeiro, que incluem a Ilha do Governador, Ilha do Fundão, Complexo da Maré, Ramos, Penha e Vigário Geral.  

Mosquitos liberados

Segundo a Fiocruz, as atividades do programa de liberação de mosquitos com Wolbachia no Rio foram expandidas em agosto de 2017 por causa da epidemia de zika. As liberações ocorreram em uma área de 86,8 km2 com cerca de 890 mil habitantes, e foram feitas em cinco zonas. 

Até dezembro de 2019, 29 meses após o início das liberações, a Wolbachia apresentou prevalência entre 27% e 60% na população de mosquitos analisada. Um efeito protetor para a população foi observado mesmo em áreas em que a prevalência da Wolbachia foi mais baixa (10%), já para locais em que a prevalência dewMelfoi superior a 60%, a proteção chegou a 76%, o que é comparável aos resultados publicados anteriormente (utilizando métodos diferentes) do município vizinho de Niterói e da Indonésia.

A fundação acrescenta que, em 2021, dados que mostraram a eficácia da proteção garantida pela Wolbachia foram divulgados pelo WMP/Brasil, apontando uma redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção.