A frase foi dita por Lula, virou um dos assuntos mais comentados no Twitter, mas a sensação não é só de Lula nem só dos brasileiros. A participação do presidente eleito na Conferência do Clima da ONU no Egito mostrou ao mundo que o nosso país pode ser de novo um ator geopolítico de peso.
“A frase que mais tenho ouvido dos líderes de diferentes países é que o mundo sente saudade do Brasil. Quero dizer para vocês que o Brasil está de volta.”
Enquanto Jair Bolsonaro – ainda ocupante oficial do cargo, mesmo que não pareça – segue encolhido no seu sumiço pós-eleições, Lula já é visto como presidente de fato por outras lideranças mundiais. Foi ele o convidado para a COP27. E não só: a fala de Lula (leia mais e assista trechos aqui ou veja a íntegra aqui) foi uma das mais aguardadas do evento, e teve repercussão extremamente positiva.
Não é à toa. Sob Bolsonaro, o Brasil bateu recordes de desmatamento e facilitou a ação de grileiros e criminosos ambientais, contribuindo não só para a destruição da nossa biodiversidade como também para as mudanças climáticas, que afetam o mundo todo (ainda que principalmente os mais pobres).
E piora. Em paralelo à COP, aconteceu esta semana também a cúpula do G20, que reúne os líderes das 20 maiores economias do mundo. O Brasil já foi a sexta maior delas, em 2021 chegou ao 13º lugar no ranking e agora é a 9ª maior economia do mundo. Ou seja, está entre as 20 maiores, e participa todo ano do encontro.
Quer dizer, participava.
Este ano, o líder brasileiro não foi. Enquanto Joe Biden e Xi Jinping aproveitaram o evento para ter seu primeiro encontro presencial desde que o americano assumiu a Casa Branca, Bolsonaro seguiu trancado no Palácio da Alvorada, onde está desde que perdeu as eleições.
Por justiça, é preciso dizer que não é a primeira vez que um presidente brasileiro não vai a uma reunião do G20. Em 2010, Lula cancelou a participação no encontro porque o Nordeste vivia uma tragédia que deixou 50 mil desabrigados após inundações em diversos estados. Bolsonaro não justificou a ausência este ano.
Dizem que é na derrota que se conhecem de fato as pessoas. Se era isso que faltava para alguém saber quem é Jair Bolsonaro, não falta mais. O presidente tem mostrado nos últimos 18 dias a mesma pequenez que marcou seus 28 anos como deputado e seus quatro no maior cargo do país.
Poderia aqui lembrar de quando o chefe da nação debochou de vítimas da covid, negou a compra de vacina ou defendeu a devastação ambiental, só para ficar em alguns poucos exemplos de muitos possíveis do que foi a mediocridade (ou a crueldade? Ou ambas?) do seu mandato. Mas seu mandato acabou. Acaba, na verdade, em 45 dias, e tudo isso vai ser história. Uma história triste e que deve ser lembrada (e eventualmente punida), mas história.
Agora é hora de olhar para a frente. E o Brasil voltou.
Cris Rodrigues - Coordenadora de redes sociais