Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a cada cem crianças nascidas, três apresentam algum defeito físico congênito, seja externo ou interno, como uma orelhinha torta, um lábio aberto ou, mais grave, com problemas cardíacos e renais.
Em Sergipe, dos cerca de 400 bebês que nascem por mês na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), 144 trazem algum defeito congênito. Para fornecer suporte ao atendimento deste público, a instituição de saúde realiza o acompanhamento das crianças no Ambulatório Maria Creuza Brito de Figueiredo, com o médico geneticista Emerson Santana Santos.
Os defeitos congênitos podem ser apenas estéticos, como uma orelha ou dedos tortos, ou de uma má-formação mais grave e delicada, como o lábio aberto e a fissura do céu da boca, por exemplo, falhas que precisam ser corrigidas cirurgicamente para que as crianças consigam falar, mastigar ou engolir. Eles também podem trazer problemas cardíacos, renais e até no desenvolvimento da genitália do bebê.
O médico ressalta que os principais fatores de risco para o nascimento de crianças com anomalias congênitas estão relacionados à idade da mulher, que não deve ultrapassar os 36 anos, e do homem, até os 40; a consanguinidade, ou seja, o casamento entre pessoas da mesma família, cujo risco é potencializado à medida que o grau de parentesco é mais forte; uso de medicamentos, anabolizantes, drogas, álcool e tabaco durante a gravidez.
“Existe uma série de medicamentos que a mulher grávida não pode usar, porque isso traz problemas para o bebê. Produtos para a pele, como uma pomada de clareamento, por exemplo, não devem ser utilizados de jeito nenhum, porque podem causar dano ao feto”, alerta o geneticista.
Outros problemas
Segundo ele, a frequência de bebês que nascem com a síndrome alcoólica fetal é de um para mil. Ou seja, de cada mil bebês que nascem, um terá a sequela para o resto da vida, pelo fato de a mãe ter bebido muito durante a gravidez. A síndrome causa danos neurológicos, as crianças nascem com baixo peso e terão desenvolvimento cognitivo atrasado. “Grávida precisa evitar álcool durante a gestação”, reforça o geneticista.
Emerson Santos salienta que existem más-formações congênitas que precisam ser corrigidas ainda na maternidade, a exemplo do ânus imperfurado. Nesse caso, explica o especialista, tem que operar ou o bebê não consegue defecar. Outros podem ser corrigidos um pouco mais tarde, aos seis meses de idade, como é o caso da fissura labial.
“Precisamos alertar a população sobre o planejamento familiar, porque temos como prevenir os defeitos congênitos. A mulher deve evitar os fatores de risco; fazer exames pré-concepcionais, o que não é o pré-natal, porque aí a criança já está gestada; tomar o ácido fólico, que é uma vitamina importante para a formação do Sistema Nervoso Central do bebê; e se alimentar bem antes e durante a gestação. Esse preparo tem que começar alguns meses antes da gravidez”, orienta.