SAÚDE Sergipe
Geneticista da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes faz alerta sobre fatores de risco para nascimento de bebês com defeitos congênitos
Profissional que atua no ambulatório Maria Creuza Brito de Figueiredo, na MNSL, destaca o perigo do uso de drogas, álcool, medicamentos e anabolizantes durante a gravidez
26/01/2023 15h11
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a cada cem crianças nascidas, três apresentam algum defeito físico congênito, seja externo ou interno, como uma orelhinha torta, um lábio aberto ou, mais grave, com problemas cardíacos e renais.

Em Sergipe, dos cerca de 400 bebês que nascem por mês na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), 144 trazem algum defeito congênito. Para fornecer suporte ao atendimento deste público, a instituição de saúde realiza o acompanhamento das crianças no Ambulatório Maria Creuza Brito de Figueiredo, com o médico geneticista Emerson Santana Santos.

Os defeitos congênitos podem ser apenas estéticos, como uma orelha ou dedos tortos, ou de uma má-formação mais grave e delicada, como o lábio aberto e a fissura do céu da boca, por exemplo, falhas que precisam ser corrigidas cirurgicamente para que as crianças consigam falar, mastigar ou engolir. Eles também podem trazer problemas cardíacos, renais e até no desenvolvimento da genitália do bebê.

O médico ressalta que os principais fatores de risco para o nascimento de crianças com anomalias congênitas estão relacionados à idade da mulher, que não deve ultrapassar os 36 anos, e do homem, até os 40; a consanguinidade, ou seja, o casamento entre pessoas da mesma família, cujo risco é potencializado à medida que o grau de parentesco é mais forte; uso de medicamentos, anabolizantes, drogas, álcool e tabaco durante a gravidez.

“Existe uma série de medicamentos que a mulher grávida não pode usar, porque isso traz problemas para o bebê. Produtos para a pele, como uma pomada de clareamento, por exemplo, não devem ser utilizados de jeito nenhum, porque podem causar dano ao feto”, alerta o geneticista.

Outros problemas

Segundo ele, a frequência de bebês que nascem com a síndrome alcoólica fetal é de um para mil. Ou seja, de cada mil bebês que nascem, um terá a sequela para o resto da vida, pelo fato de a mãe ter bebido muito durante a gravidez. A síndrome causa danos neurológicos, as crianças nascem com baixo peso e terão desenvolvimento cognitivo atrasado. “Grávida precisa evitar álcool durante a gestação”, reforça o geneticista.  

Emerson Santos salienta que existem más-formações congênitas que precisam ser corrigidas ainda na maternidade, a exemplo do ânus imperfurado. Nesse caso, explica o especialista, tem que operar ou o bebê não consegue defecar. Outros podem ser corrigidos um pouco mais tarde, aos seis meses de idade, como é o caso da fissura labial.

“Precisamos alertar a população sobre o planejamento familiar, porque temos como prevenir os defeitos congênitos. A mulher deve evitar os fatores de risco; fazer exames pré-concepcionais, o que não é o pré-natal, porque aí a criança já está gestada; tomar o ácido fólico, que é uma vitamina importante para a formação do Sistema Nervoso Central do bebê; e se alimentar bem antes e durante a gestação. Esse preparo tem que começar alguns meses antes da gravidez”, orienta.