O Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse) realizou, na sexta-feira, 27, mais uma captação de órgãos em Sergipe. Foram retirados fígado, rins (direito e esquerdo) e córneas de um paciente de 22 anos, vítima de acidente motociclístico. O doador estava internado em uma ala de tratamento semi-intensivo do Huse, mas, infelizmente, não resistiu aos ferimentos e foi a óbito após confirmação de morte encefálica. Até o momento, já são quatro captações, um novo recorde para o mês, de acordo com a Organização de Procura de Órgãos de Sergipe (OPO).
Participaram do procedimento de captação a equipe médica da OPO Sergipe e do Huse. Segundo a coordenadora da OPO Sergipe, Darcyana Lisboa, os órgãos serão enviados para pacientes de dois estados do Nordeste. “O fígado será encaminhado para um paciente do Ceará, os rins (direito e esquerdo) para o Rio Grande do Norte, conforme indicação da Central Nacional de Transplantes (CNT), unidade responsável por ofertar os órgãos no Sistema Nacional de Transplantes. As córneas seguem para o Banco de Olhos de Sergipe”, diz Darcyana Lisboa.
De acordo com a coordenadora da OPO Sergipe, a captação foi possível após autorização da família, que decidiu pela doação dos órgãos após a confirmação da morte encefálica do jovem. “Mesmo diante de uma situação de luto causada pela perda do ente querido, familiares, em um gesto de enorme gratidão e amor ao próximo, decidiram pela doação dos órgãos, por dar uma sobrevida a quem precisa. Ficamos agradecidos tanto por esse gesto, como também por saber que estamos batendo um novo recorde de doação. A última vez ocorreu em julho de 2022, quando realizamos seis procedimentos em um único mês. Isso quer dizer que a sociedade está, cada vez mais, consciente sobre a importância da doação”, destaca a coordenadora.
Captação
O processo de doação dos órgãos inicia a partir do momento da confirmação de morte encefálica. Sobre isso, a coordenadora da OPO Sergipe explica o processo, feito em três etapas. Segundo ela, a partir do momento em que a equipe médica percebe que o paciente não responde ao tratamento, começa a investigação para averiguar se está diante de um quadro de morte cerebral, que é constatado após a realização de três etapas.
Primeiro, a verificação por meio de exames clínicos, seguido do teste de apneia. Por fim, é realizado exame de imagem (DTC), para que seja fechado o protocolo de morte encefálica (Gasglow 3). “A partir daí, entramos em contato com a família para saber se a captação está autorizada. Tendo uma resposta positiva, acionamos a Central Estadual de Transplante, que comunicará a Central Nacional e, a partir daí, é iniciado todo processo de doação”, explica Darcyana Lisboa.
Como ser doador
De acordo com a coordenadora, atualmente, para que o paciente seja doador, ele precisa expressar, ainda em vida, a sua vontade para os seus familiares. “É importante destacar que, embora algumas pessoas tenham documentado esse desejo no próprio Registro Geral (RG), hoje, para doação, isso não é considerado válido. Quem autoriza a captação é a própria família. Por isso, é importante que a pessoa comunique sempre aos seus entes sobre o desejo de ser um doador”, salienta.