A tentativa de golpe de estado que inaugurou o governo Lula, perpetrada pelos atos terroristas em Brasília/DF, em 08/01/2023; ferindo de morte a democracia e a soberania nacionais; tragédia vexatória e sem precedentes na história do Brasil; foi engendrada, comandada, e vem sendo acobertada pelos militares. E o quartel-general dessa conspiração militar golpista é a caixa-preta dos serviços secretos, mais poderosa organização criminosa do país, absolutamente acima da lei, que é comandada com mão-de-ferro pelos militares há mais de meio século, legado maldito do famigerado SNI (Serviço Nacional de Informações). Assim é que, no epicentro da mais gravosa crise militar desde o término da ditadura, o presidente Lula, do alto da experiência do seu terceiro mandato, continua persistindo nos graves erros presidenciais passados, principalmente nos de seus dois mandatos anteriores; cuja maior agravante é a não apuração e responsabilização rigorosa da assombrosa criminalidade da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), órgão central do SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência), como a operação Mídia (2004) e a Operação Satiagraha (2008).
E a eclosão estupefaciente desse cenário subversivo da atual conjuntura é a comprovação tácita da absoluta falência institucional da Inteligência de Estado no país, a cargo da ABIN, principal responsável por antecipar e combater ameaças dessa natureza; bem como da covardia dos governantes, em sua omissão dolosa por não combater o pior inimigo do Brasil: a caixa-preta dos serviços secretos que, comandada pelos militares, é o centro operacional do golpe de estado dos atos terroristas e da crise militar. Contudo, o crucial atributo presidencial para combater esta insuperável contingência nacional é coragem moral; própria dos estadistas, que infelizmente ainda não ocuparam o gabinete presidencial no Palácio do Planalto.
Nesse sentido, um dos erros mais graves cometidos pelo presidente Lula é a manutenção da chefia do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) como monopólio dos militares; o qual deve ser quebrado imediatamente e a chefia do GSI entregue a um civil, assim como no Ministério da Defesa; eliminando-se definitivamente a influência dos militares sobre a ABIN.
Mas o mais grave e imperdoável erro a ser repetido pelo presidente Lula será a não extinção completa da ABIN; condição “sine qua non” para a edificação de uma nova e eficiente Inteligência de Estado e de um próspero Brasil. Destaca-se ainda que a decisão do presidente Lula pela transferência da subordinação da ABIN do GSI para a Casa Civil da presidência da república, afastando a agência da influência militar tão somente em nível hierárquico, é apenas mero paliativo inócuo quanto à efetividade real da influência militar, e que em nada combaterá a escabrosa e criminosa ineficiência institucional da ABIN, cujo DNA de sua degenerescência está estampado em seus crimes hediondos, que vem sendo perpetrados impunemente contra o estado e a sociedade brasileira durante os 23 anos de sua criação.
Quanto ao futuro do Brasil, importa destacar que a quebra do monopólio dos militares sobre o GSI e a completa extinção da ABIN, por si só, destruirão a mais poderosa ORCRIM do país. Contudo, caso o Presidente Lula persista na reincidência dos mesmos erros, condenará novamente o Brasil a eternizar-se refém da caixa-preta dos serviços secretos, fortalecendo a criminalidade insaciável dos militares golpistas, ávidos pela deposição do seu governo petista e pela implantação de uma ditadura no país.
Artigo de André Soares - 25/01/2023