O "amigo" Valdemar quis ajudar, mas terminou empurrando Bolsonaro para a sarjeta. É a conclusão da entrevista do presidente nacional do PL concedida à repórter Jussara Soares do jornal O Globo, edição de ontem, sexta (27).
O nome completo do "mui amigo" é Valdemar Costa Neto. Até os ferrenhos antibolsonaristas ficaram com pena do ex-morador mais ilustre do Palácio do Alvorada. O dirigente-mor do PL colocou Bolsonaro em uma situação de calamidade, como se fosse uma pessoa incapaz, tanto civilmente como na sua formação militar.
O "amigo" Valdemar disse que Bolsonaro se transformou em um "pó" assim que soube do resultado final da eleição, que achava que ele ia morrer, que passava "quatro ou cinco dias sem comer nada". "O cara estava desintegrando", finalizou o ex-lulista, condenado no escândalo do mensalão.
O jornalista Leonardo Sakamoto, da Uol Notícias, descreveu o "mito" como "uma criança que precisa ser tutelada. Uma criança que precisa ser preparada para não ficar em choque com uma má notícia". Para Sakamoto, a imagem que ficou de Bolsonaro, depois das declarações de Valdemar, é de "uma pessoa estúpida, frágil, hipossuficiente, que vive em um universo paralelo".
E mais: o "amigo" Valdemar aproveitou a entrevista para dizer que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pode ser a presidenciável do PL na sucessão de 2026, o que pressupõe que sua opinião é de que a inelegibilidade de Bolsonaro é só uma questão de tempo. Como não bastasse, ainda disse, se referindo ao golpe, que "o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco. Achava que ele podia dar um golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer".
Nos bastidores do PL, o comentário, entre as lideranças da sigla, incluindo aí deputados federais e senadores, é de que Valdemar falou demais, que sua infeliz entrevista pode trazer problemas para Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário.
Pois é. O "amigo" Valdemar virou um aliado do PT, que já pensa em atrair o PL para a base de apoio do terceiro mandato de Lula, o governo Lula 3. Se não conseguir puxar o partido para a chamada "governabilidade", a negociação passa a ser no varejo, conversando com os senhores parlamentares.
Não se sabe ainda qual foi a reação de Bolsonaro diante da entrevista de Valdemar. O silêncio é o melhor conselho, já que o ex-presidente não pode jogar lenha na fogueira do seu inferno astral.
PS - Quando o assunto é o impeachment da então presidente Dilma Vana Rousseff, que voltou a pegar fogo depois que Lula chamou Michel Temer de "golpista", o comentário de Frederico Krepe nas redes sociais faz sucesso. Segue ipsis litteris: "Essa discussão se foi golpe ou não se tornou inútil a partir do momento em que o PT perdoou os golpistas, aceitou as medidas implementadas por eles e governa com eles. Na Bolívia, os golpistas de 2019 estão todos na cadeia, no Brasil, uma boa parte deles está no governo".
Bom dia! Bom dia!
MARCOS WENSE - Advogado e comentarista político do Diário Bahia.
Contato: redacao@diariodabahia.com.br