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Esposas de Deputados e empresário ficarão com vagas de Ministros no Senado
*(COLUNA WENSE, TERÇA, 31 DE JANEIRO DE 2023)*.
01/02/2023 12h22 Atualizada há 2 anos
Por: Carlos Nascimento Fonte: Marcos Wense

Quatro Senadores eleitos no ano passado — todos pelo Nordeste — vão tomar posse amanhã, mas como estão com função de ministro, abrirão vagas de imediato para suplentes na nova legislatura.

Entre os nomes que herdam a cadeira estão duas esposas de parlamentares, uma deputada estadual e um empresário. Eles vão assumir logo após a posse, com os pedidos de afastamentos dos titulares.

Os senadores eleitos que viraram ministros de Lula são:

Além deles quatro, um outro senador, Carlos Fávaro (PSD-MT), eleito em 2018 e com mandato até 2027, está afastado das funções porque assumiu a pasta da Agricultura no governo Lula. No seu lugar está no mandato Margareth Buzetti (PP-MT).

Quem assume as vagas dos novos senadores:

Pelo Maranhão, quem assumirá a vaga é a atual vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paula Lobato (PSB). Na eleição de 2020 era filiada ao PDT, mas deixou o partido e se filiou ao PSB em março deste ano.

A indicação dela veio após costura que envolveu não só Dino e Ana, mas o marido dela, o deputado estadual Othelino Neto (PC do B), que é presidente da Assembleia Legislativa e aliado de Dino.

Othelino flertava, no início do ano, em apoiar o rival do candidato apoiado por Dino ao governo, o senador Weverton Rocha (PDT), mas acabou mudando de lado e apoiando Carlos Brandão, (PSB), eleito em primeiro turno.

A mudança acabou sendo decisiva para emplacar a esposa com a primeira suplência.

Pelo Piauí, quem herda a vaga de Wellington Dias é Jussara Lima (PSD), esposa do deputado federal Júlio César (PSD). Ela também é mãe do deputado estadual Georgiano Neto (MDB).

Apesar da família, ela não havia participado das últimas eleições. Entre 1989 e 1992, Jussara foi vereadora de Fronteiras, onde depois se tornaria vice-prefeita, em 2011, em eleição suplementar.

A vaga de Camilo Santana pelo Ceará será ocupada pela deputada estadual Augusta Brito (PT), que foi líder do governo na Assembleia. Ela foi prefeita de Graça por duas vezes (eleita em 2004 e 2008), antes de ser parlamentar por dois mandatos.

Política de carreira, ela já era sondada para ficar com a suplência desde o início do ano, quando deixou o PCdoB para se filiar ao PT na última janela partidária, em março.

Segundo apurou a coluna, a escolha dela veio do próprio Camilo, que enxergou nela um nome de confiança e experiência no legislativo para ocupar a vaga.

Por Alagoas, Fernando Farias (MDB) herdará a vaga de Renan Filho. Ele é empresário e genro do homem mais rico do estado, o também empresário Carlos Lyra.

Fernando é um dos gestores do grupo Carlos Lyra, que possui várias empresas, com destaque para as usinas de cana-de-açúcar.

A indicação de Farias como suplente pegou todos de surpresa, já que o nome dele sequer havia sido cotado, e o empresário nunca havia se aventurado antes na política. De tão discreto, sequer tem rede social pública. Na campanha de Renan, ele foi o maior doador (pessoa física) para a eleição, destinando R$ 350 mil para a eleição.

Comentário MARCOS WENSE

Cadê a reforma política para acabar com esse "jeitinho brasileiro" de colocar na suplência parentes ou as digníssimas esposas? Depois ficam se queixando das pesquisas de opinião que apontam a classe política como uma das mais desacreditadas. Esposa de deputado federal ser suplente de quem concorre a um mandato de senador, assumindo seu lugar sem ter sido votada, é uma excrescência, um acinte ao Estado Democrático de Direito. Tem que aparecer um parlamentar que tome a iniciativa de por fim na esperteza. Sendo mais incisivo, usando uma linguagem mais popular, dar um basta nessa esculhambação.

Bom dia! Bom dia!

MARCOS WENSE - Advogado e comentarista político do Diário Bahia.

Contato: redacao@diariodabahia.com.br