Com a recondução de Arthur Lira (PP-AL) ao cargo mais cobiçado do Poder Legislativo, o governo Lula 3 fica como o do seu antecessor: refém do centrão e, como consequência, do toma lá, dá cá. Reeleito à presidência da Câmara dos Deputados, Lira passa a ser novamente uma espécie de primeiro-ministro em um regime presidencialista.
O centrão, depois do "SE GRITAR PEGA CENTRÃO, não fica um meu irmão", cantado pelo general Augusto Heleno na convenção partidária do PSL, realizada em julho de 2018, que escolheu o então deputado Jair Messias Bolsonaro como candidato ao Palácio do Planalto, ficou mais forte e ousado. Arrisco até a dizer, mesmo sabendo que serei contestado, que temos "dois" presidentes da República.
Um de direito, eleito pela vontade do povo, e um de fato, eleito pela maioria esmagadora dos representantes desse mesmo povo. A prerrogativa de desengavetar pedidos de impeachment contra a maior autoridade do país, ou deixá-los empoeirados na gaveta, como aconteceu em relação ao "mito", salvo engano mais de 130 protocolados, faz do presidente da Câmara Baixa uma personalidade quase que intocável, o que leva o presidente da República de plantão a fazer de tudo para não contrariá-lo, atendendo assim suas reivindicações por mais espaços preciosos no governo para seus correligionários.
A desculpa por ser conivente com o toma-lá-dá-cá é sempre a mesma: a governabilidade.
E assim caminha a política brasileira.
Bom dia! Bom dia!
MARCOS WENSE - Advogado e comentarista político do Diário Bahia.
Contato: redacao@diariodabahia.com.br