Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer. Esse é o foco da Campanha Fevereiro Roxo, criada em 2014, que visa alertar a população para a importância do diagnóstico precoce dessas três doenças, consideradas crônicas e incuráveis. Em alusão ao período, a Secretaria de Estado da Saúde chama a atenção para a detecção das patologias ainda em estágio inicial, para que os sintomas sejam retardados ou controlados, proporcionando uma melhor qualidade de vida a quem com eles convive.
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), popularmente conhecido por lúpus, é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune. Ou seja, o próprio sistema imunológico passa a atacar células e tecidos saudáveis, provocando as inflamações. Sem origem determinada, a patologia pode estar relacionada com fatores genéticos, hormonais e também com infecções ou uso de medicamentos.
“Sabemos que a doença afeta principalmente as mulheres, mas também pode se manifestar em homens. Quando não tratada, pode comprometer diversas partes do corpo, gerando uma série de problemas”, explica a médica reumatologista Patrícia Fontes.
Sobre os sintomas, Patrícia Fontes chama a atenção para as diversas formas de apresentação da doença. “No lúpus, pode haver comprometimento de qualquer órgão. Porém, a pele, em geral, é a principal área afetada, podendo apresentar manchas avermelhadas, principalmente no rosto; sensibilidade ao sol; dor e inchaço nas articulações. Outrios sintomas são queda de cabelo acentuada; perda de peso; úlceras orais, nasais e/ou genitais; urina espumosa; fadiga; além de dor torácica”, lista a especialista.
Fibromialgia
Descrita como uma síndrome de dor crônica que afeta músculos e tecidos moles, a fibromialgia atinge 2,5% da população mundial, sem diferença entre nacionalidades ou situação socioeconômica. O dado é informado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Entre os principais sintomas da patologia estão as dores generalizadas em músculos, tendões e ligamentos, com duração de três meses ou mais, podendo haver rigidez em regiões como as mãos, os pés e as pernas.
De acordo com Patrícia Fontes, outros sinais que podem ser percebidos são problemas relacionados ao sono e distúrbios de humor, além de fadiga e indisposição. “Muitos pacientes relatam dificuldade para dormir e sensação de que o sono não foi reparador. Também é bastante comum a doença estar associada ao cansaço excessivo e a transtornos como ansiedade e depressão, além de provocar dificuldades de memória e atenção”, salienta a especialista.
Alzheimer
Reconhecida como uma doença neurodegenerativa e progressiva, o Alzheimer é caracterizado pela morte de células cerebrais, provocando a perda de funções cognitivas. Segundo o neurologista Marcelo Paixão, referência técnica do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), a doença tem como primeiro e mais característico sintoma a perda de memória recente, afetando, posteriormente, o comportamento e personalidade da pessoa acometida.
“O quadro clínico mais típico e conhecido é o déficit de memória progressiva, comprometendo a independência do paciente. Associado a este, notam-se outros prejuízos à linguagem, à função visouespacial, à função executiva, à capacidade aritmética e à capacidade de abstração. Conforme a doença se agrava, teremos maior frequência de transtornos comportamentais como psicose, agressividade, transtorno do ciclo sono-vigília, assim como veremos maiores incapacidades motoras, de equilíbrio e de deglutição. Por isso, quanto mais cedo se diagnostica a doença, maiores são as chances de retardar o processo e evitar a sua evolução rápida”, destaca o neurologista Marcelo Paixão.
Tratamento das doenças
Na fibromialgia, segundo Patrícia Fontes, o tratamento inclui medicação associada a hábitos saudáveis. “Apesar de não ser uma doença que mata, ela diminui muito a qualidade de vida do paciente. Por isso, é importante que, além dos medicamentos, o acometido por fibromialgia também cultive hábitos considerados saudáveis, como a prática de atividades físicas, boa alimentação, e evitar consumos de álcool e outras drogas”, relata a profissional.
Sobre o lúpus, a reumatologista informa que a doença pode ser tratada com medicamentos para controlar a resposta imunológica, aliados à terapia física e psicológica. “O tratamento dependerá do órgão acometido e da sua gravidade. Além do tratamento medicamentoso, recomendamos também cuidados como uso de proteção solar, prática de exercícios físicos, alimentação saudável, entre outros. Tudo isso objetivando aumentar a sobrevida do paciente”, revela.
Sobre ambas as patologias, a especialista fala a respeito da importância do diagnóstico precoce. “A detecção das duas doenças em estágio inicial favorece também um tratamento precoce, reduzindo as chances de complicação, proporcionando uma melhor qualidade de vida ao paciente. Uma vez diagnosticadas essas doenças, os pacientes devem seguir corretamente os tratamentos propostos, fazer o acompanhamento médico regularmente e, se necessário, fazer exames laboratoriais e de imagem com regularidade”, destaca.
Para os pacientes que sofrem de Alzheimer, o neurologista Marcelo Paixão enfatiza que o tratamento se concentra na manutenção da qualidade de vida do paciente e na prevenção de sintomas mais graves.
“O tratamento pode ser dividido em medicamentoso e não medicamentoso. Um acompanhamento multidisciplinar, buscando melhor acolher e resolver as demandas que surgirão, deve ser a regra. Um seguimento conjunto com terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, educador físico, psicólogo e nutricionista também deve ser estimulado. No processo neurodegenerativo, as demandas trazidas pelos familiares podem desencadear prescrição de medicações para conter impulsos e agressividade, para melhor organizar o ciclo sono-vigília, estimular o apetite, entre outros. Desta forma, medicações sintomáticas e medidas comportamentais com cooperação da equipe multidisciplinar são considerados os principais pilares da condução desses pacientes”, finaliza o profissional.