Se ficar provado que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro tomou a vacina contra a covid-19, o "mito" passa a ser o maior mentiroso da história da República Federativa do Brasil. O problema não é só a mentira, é também o cinismo e a irresponsabilidade.
Centenas e centenas de pessoas, talvez milhares, deixaram de se vacinar em decorrência da posição negacionista do então chefe do Palácio do Planalto. "Eu não vou tomar a vacina. E ponto final.
Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu. E ponto final", disse Bolsonaro em 15 de dezembro de 2020. Entre várias declarações contrárias a vacinação, a mais debochenta foi a do jacaré: "Se você virar um jacaré, problema de você", em 17 de dezembro de 2020. O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinícius Carvalho, afirmou que há no ministério da Saúde um registro de vacinação contra a covid-19 do ex-morador mais ilustre do Alvorada. A investigação é sigilosa.
O bolsonarismo está preocupado, e com toda razão, com a reação de quem não tomou a vacina porque seguiu a orientação da então maior autoridade do país. Com efeito, muitas vidas humanas foram ceifadas devido ao explícito desdém com a ciência, como se ela fosse algo desprezível, sem importância.
Como não bastasse o "jacaré", Jair Messias Bolsonaro chegou a relacionar a vacina contra a covid-19 à aids. A conclusão de toda essa história, que mais parece de uma republiqueta, no caso específico uma republiqueta de bananas, vai terminar levando o ex-presidente a se transformar em uma espécie de "crocodilo eleitoral".
(COLUNA WENSE, SÁBADO, 18.02.2023).
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