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Saúde de Sergipe atendeu mais de 1,3 mil pessoas por intoxicação por medicamentos em 2022

Dados divulgados pelo Ciatox do Huse representam um aumento de 119% em comparação ao ano de 2021, quando foram contabilizados 606 atendimentos. Unidade chama atenção para os riscos da automedicação

28/02/2023 às 15h10
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe
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Dados divulgados pelo Ciatox do Huse representam um aumento de 119% em comparação ao ano de 2021, quando foram contabilizados 606 atendimentos. Unidade chama atenção para os riscos da automedicação

O Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), por meio do Centro de Informação e Assistência em Toxicologia de Sergipe (Ciatox), divulgou, na manhã desta terça-feira, 28, um dado alarmante sobre intoxicação causada por medicamentos em todo o estado, no ano de 2022. Segundo a unidade, foram contabilizados 1.327 atendimentos somente no ano passado. Os números representam um aumento de 119% em comparação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 606 atendimentos.  

Uma das principais causas desse tipo de intoxicação está relacionada à automedicação, ou seja, quando a pessoa decide tomar por conta própria um medicamento, sem a devida orientação médica. Segundo a clínica geral do Huse que atua no Ciatox, Patrícia Fontes, a ação pode acarretar em diversos problemas, como o aparecimento de reações alérgicas e o agravamento da doença.

“A automedicação, muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas, pode trazer consequências graves, uma vez que sua utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Em casos mesmo de antibióticos, a atenção deve ser redobrada. Isso porque, o uso abusivo desse tipo de medicamento pode facilitar o aumento da resistência de microrganismos, comprometendo então a eficácia do tratamento da doença", destaca a especialista.

Outro fator de risco provocado pela automedicação está relacionado à combinação inadequada dos medicamentos, que pode provocar consequências adversas, como a morte. "Um fármaco pode anular ou até mesmo potencializar o efeito de outro, e isso pode ocasionar diversos problemas que vão desde reações alérgicas, dependências, como até mesmo causar a morte", explica Patrícia Fontes.

Incidência em crianças

Dados do Ciatox dos últimos dois anos chamam a atenção para os casos de intoxicação por medicamentos envolvendo crianças. Em 2021, o Centro registrou 99 ocorrências envolvendo pacientes de 0 a 14 anos e 111 entre pacientes de 15 a 19 anos, totalizando 210 atendimentos no estado. Já em 2022, esse número praticamente dobrou. Foram 215 registros envolvendo pacientes de 0 a 14 anos e 190 de 15 a 19 anos, contabilizando um total de 405 casos.

De acordo com a médica, os registros de intoxicação medicamentosa nesse público estão associados a acidentes domésticos. "Normalmente recebemos muitos casos de crianças que acabam fazendo a ingestão de frascos inteiros por gostarem do sabor do medicamento, principalmente envolvendo xaropes. E, na maioria das vezes, esse consumo exagerado acaba causando a intoxicação. Por isso, é importante que o familiar fique atento e mantenha sempre os remédios fora do alcance de crianças, a fim de evitar que esse tipo de risco ocorra", alerta Patrícia Fontes.  

Outro caso bastante comum está relacionado aos erros de administração dos medicamentos por parte dos pais, seja referente à dosagem correta como também em erro na via de administração.

 "Recebemos aqui muitos registros de remédios que são de uso inalatório, mas acabam sendo administrados via oral, ou vice versa. E isso pode acarretar não apenas em reações alérgicas, como também causar grandes riscos à vida. Um exemplo aconteceu há alguns anos, quando uma criança de aproximadamente três anos foi parar na UTI de um hospital aqui do Estado, por ingerir o medicamento Nafazolina, quando o mesmo deve ser administrado via oral.  Por isso, pedimos que os adultos se atentem mais ao uso correto das medicações, para evitar esse agravamento no quadro de saúde", adverte a clínica geral.

Causas da automedicação

Para a médica do Huse, a automedicação está, em grande parte, associada à quantidade volumosa de informações médicas disponíveis na internet, como também na facilidade de acesso aos medicamentos em farmácias. "Toda essa conjuntura acaba causando uma sensação de conforto e comodidade ao usuário que, muitas vezes, acredita que a solução para o alívio dos sintomas pode ser feito sem a necessidade de ida a uma unidade médica, já que tem todas essas informações disponíveis", disse Patrícia Fontes.

Na oportunidade, a especialista chama atenção para os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios, medicamentos que mais causam intoxicação, levando à evolução dos mais diversos quadros clínicos. Mas, segundo ela, após a pandemia, também houve uma incidência maior envolvendo o consumo de medicamentos antidepressivos.

 "Depois da pandemia, tivemos um aumento de casos de tentativa de suicídio, muitos deles ligados ao uso, de forma incorreta ou descontrolada, de antidepressivos como a fluoxetina, sertralina, entre outros. E essa ingestão irregular de medicamentos acaba sobrecarregando o funcionamento de órgãos como fígado e rins, facilitando o aparecimento de novos problemas de saúde ou o agravamento de determinados casos", ressalta Patrícia Fontes.

Recomendações

Por fim, a profissional do Huse faz um alerta sobre os perigos da automedicação: "Por menor que seja a queixa, é importante que as pessoas busquem uma orientação médica para que o profissional, após avaliação do quadro do paciente, faça a prescrição da medicação com a dosagem correta. Agora, caso a pessoa já apresente sintomas de intoxicação por medicação, o ideal é que elas procurem por uma unidade de saúde mais próxima, a fim de que recebam o devido atendimento", finalizou Patrícia Fontes.
 

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