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Exemplos de superação trazem emoção em dobro na aprovação do Sisu 2023

Relatos de aprovados mostram a força da determinação, resiliência e da rede de apoio para a conquista da vitória

02/03/2023 às 11h20
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe
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O resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi publicado na terça-feira, 28, e juntamente com ele vêm as comemorações dos estudantes que foram aprovados para o ensino superior. E quando essas aprovações mostram exemplos de superação de uma deficiência física, do abandono dos estudos por algum motivo, da idade, ao comemorar, a emoção é em dobro.

Wendel Fernandes Souza traz na aprovação em 1º lugar em Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS) um contexto de novidade e superação. Deficiente visual há cinco anos por ter neuropatia óptica hereditária de leber, uma doença rara que em Sergipe só é registrada em mais um outro jovem, ele conta que depois de três anos sem estudar deixou o emprego por conta da deficiência e teve que se reinventar. Ele ingressou no Pré-Universitário da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), passou a ter uma rotina de estudos com base nos materiais em PDF para deficientes e fotografar o quadro utilizando o leitor de celular de tradução, além de aulas que assistia no YouTube.

“É tudo muito novo. Meus pais tiveram que me levar todos os dias para as aulas, tive amigos e professores que me ajudaram. O Pré fez com que eu me aperfeiçoasse e agora entro na universidade com mais segurança”, destaca.

A rotina de estudos não vai parar, segundo Wendel Fernandes. Ele conta que técnicos da UFS já telefonaram para ele informando sobre a matrícula para deficientes. “Para uma pessoa com deficiência entrar na faculdade não é impossível. A expectativa é muito boa para tudo que irá acontecer”, afirmou.

Ao todo, são mais de 500 alunos aprovados no Sisu 2023 oriundos da rede pública. Cada um com seu dia a dia de estudo e suas marcas de vida. A aluna Mayumi Isabelli, do Centro de Excelência Djenal Tavares de Queiroz, em Aracaju, faz parte dessa estatística de superação e sucesso. Desde criança já sabia o que queria na vida profissional: ser médica. O sonho passou a virar realidade nesta terça-feira, quando viu o nome em 4º lugar da lista dos aprovados em Medicina na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

“Esse momento chegou após muita dedicação. Desde criança sempre quis ser médica, meus pais me ajudaram bastante e tive uma rede de apoio: a escola, a família e os professores”, diz Mayumi.

A mãe dela, Maria Izabel Santana, e o pai, Mario Bispo Santana, moraram na zona rural do povoado Jardim, passaram a viver no bairro Bonfim, em Estância, no sul de Sergipe, e mais recente em Aracaju, para disponibilizar o melhor estudo aos filhos.

“Viemos de uma família pobre, da roça, onde meus pais trabalhavam em uma fazenda. Eles vieram para a cidade com 18 filhos e os pais de meu esposo também. Só conseguimos chegar em cursos técnicos. Tínhamos que trabalhar, não queríamos que nossos filhos ficassem igual a nós. Precisávamos nos esforçar. Conseguimos trabalhar para não faltar nada para eles. Não poderia deixar de agradecer ao pessoal do colégio Djenal Queiroz”, relata.

O abalo da pandemia
A história de José Fabrício Martins Santos, aluno do Colégio Estadual Nações Unidas e do polo do Pré-universitário Francisco Figueiredo, em Aquidabã, médio sertão de Sergipe, também carrega superação. O primeiro e segundo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizados por ele sem sucesso foram no auge da pandemia, quando nesse período de isolamento social foi diagnosticado com depressão e transtorno obsessivo compulsivo.

“Não estudei direito, não sabia ainda o que queria, só sabia que era na área da saúde. Em 2022 comecei o acompanhamento com a psicóloga, me apaixonei pela Psicologia. No início de 2022 eu comprei um cronograma de estudos, entrei num grupo de correção de redação pelo WhatsApp. Estudava pela manhã e às vezes à tarde, e durante o fim de semana eu trabalhava pela manhã e no domingo eu fazia redação. No total foram nove meses de preparação e tive suporte de alguns amigos, minha mãe, a professora do Pré-Universitário, e estudava pelo YouTube. Consegui tirar uma boa nota no Enem e passei na UFS no curso de Psicologia”, conta.

A pedagoga Eliane Gama, do Centro de Excelência, explica que todos os alunos cujos resultados são positivos neste Sisu 2023 são vencedores em dobro. “Esses alunos passaram por uma pandemia, e conseguir esses desfechos, é mais que uma vitória”, afirmou.

Superando as dores
Aos 46 anos, mãe de duas filhas, a auxiliar de produção Fabiana Santana Souza traz no corpo as marcas da Charcot Marie Tooth, uma doença que diagnostica fraqueza e atrofia de progressão lenta dos músculos da perna e deterioração sensorial. As dores vieram também progressivamente, mas nem elas a fizeram desistir dos estudos.

Fabiana passou a ter depressão por conta do estado físico, deixou de trabalhar em uma empresa na cidade de Lagarto, no centro sul de Sergipe, e passou a ser beneficiária da Previdência Social. Por conta do tempo livre, ela teve a oportunidade de ingressar no curso Pré-universitário da Seduc no polo de Lagarto; passou a interagir com outros alunos, ocupar a mente com os estudos e aprender coisas novas. O resultado logo chegou com a aprovação em Filosofia na UFS. “Fui ocupando a minha mente com os estudos. Sou comunicativa, tenho vontade de aprender. O meu físico não suporta mais trabalhar na empresa que exige agilidade”, disse.

O tempo como aliado
Diferente dos alunos que sobrepujaram as dificuldades físicas e mentais, Silvia Pontes Nissola, estudante do Pré-universitário/Seduc aos 74 anos, faz do tempo um aliado para se manter no meio acadêmico e em constante aprendizagem: cursou Serviço Social em São Paulo, graduou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Mato Grosso e foi aprovada em Filosofia na UFS. “Eu amo o ambiente acadêmico. Eu me aposentei, vim para Aracaju, e agora foi um meio de continuar na academia e manter a mente ocupada”, contou.

Silvia Nissola disse que o curioso dessa aprovação é a inspiração para que o segundo filho volte a estudar. “Em 2021 fiz o Enem e não consegui. Entrei no Pré-universitário, voltei a estudar e agora passei em Filosofia. Meu filho, sabendo que fiz o Enem, resolveu ingressar no Pré-universitário e voltar a cursar Gastronomia. Estou muito feliz”, diz.

De acordo com a psicóloga da Escola Estadual Prof. Benedito Oliveira, Elen Paesante, quando se fala em superação, não se pode expressar somente o eu, sozinho, porque ninguém é solo no mundo. Segundo a psicóloga, há momentos da vida que trazem uma rede de apoio, alguém que apostou, que acreditou naquele que se superou. “Essas pessoas que se superam não fizeram das limitações o ponto final. O ser humano é resiliente e plástico, no sentido de plasticidade. Quanto mais a gente vai, mais a gente descobre que é possível ir além”, destaca.

Elen Paesante explica que como pais, responsáveis e professore é preciso apostar e acreditar que todos são capazes de ir além e não limitar. “O grande erro é a limitação. O ser humano é um mistério, e a capacidade de chegar vai muito depender de onde a gente deseja ir, os passos que queremos dar”.

Segundo a psicóloga, o caminho só está começando, e é preciso levar em consideração que a universidade também deve estar preparada para receber todos que se superam, pois “eles saíram da zona de conforto, e sair exige um esforço. Experimentar para além do que é capaz é uma superação”, ressalta Elen Paesante.

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