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RACISMO: Policial Civil é espancado por PMs no circuito do carnaval de Salvador
CONFIRA VÍDEO: De joelhos, IPC Adson Gomes é agredido por militares e aponta racismo.
05/03/2023 07h52 Atualizada há 2 anos
Por: Carlos Nascimento Fonte: Redação/Polícia

Audio do IPC Adson

O carnaval de Salvador era para ser uma fantasia eterna, onde a paz sempre vence a guerra. Mas infelizmente, nem sempre é assim. A violência na folia soteropolitana deixou mais uma vítima traumatizada. Desta vez, um Investigador da Policial Civil, que curtia seu dia de folga como folião pipoca no circuito Barra-Ondina.

A vítima da vez foi Adson Gomes Miranda, um homem negro e de dreads, que tirava foto de uma amiga nas proximidades do Cristo da Barra, quando começou a ser agredido por policiais da tropa de Choque da Polícia Militar (PM-BA) em meio à multidão de foliões.

Em um áudio gravado por Adson e encaminhado pelo sindicato da categoria ao Bahia Notícias, a vítima afirma que o motivo da violência foi preconceito racial.

“Todos sabem a covardia a qual eu fui submetido na terça-feira de carnaval. A abordagem, de forma criminosa, desastrosa e preconceituosa a qual fui submetido, é algo que infelizmente ainda permeia a sociedade brasileira. Há esse resquício ainda de escravidão e de preconceito racial”, avaliou Adson.

Ainda segundo Adson, não havia nenhuma briga no momento em que a agressão ocorreu. Um trio com o cantor Leo Santana se aproximava, quando ele teria sido surpreendido pela violência dos militares.

“Estava eu, com uma pessoa que estava fazendo companhia a mim, fotografando ela, filmando ela, enquanto estava vindo o trio de Leo Santana. Chegou um prepostos desses aí – isso foi relato das pessoas que estavam lá e me disseram, mas eu não tive nem a oportunidade de ver –, parou do meu lado, me olhou de cima a baixo e começou a desferir fantadas em mim. Quando eu virei, ele me empurrou. Naquele momento, eu caí e os demais criminosos – racistas, nazistas – e a horda toda caíram em cima de mim”, relatou Adson.

Mesmo diante dos gritos da amiga com quem ele estava, que avisou que Adson se tratava, na verdade, de um policial civil, os militares teriam continuado a agressão. Após tentar interferir, a mulher – que não foi identificada – também acabou sendo agredida, sendo ferida na mão.

“No final, quando o esposo dela disse ‘ele é colega de vocês, ele é policial’, ainda foi um outro criminoso [policial militar, da tropa de Choque], em um ato covarde, e me deu um chute no rosto, que me arrancou três dentes, me deixou sequelas no olho esquerdo e, provavelmente, no maxilar – estou fazendo exames ainda”, contou Adson.

“Eu não sei até que ponto vai a fúria, a ira de um cidadão ou de uma horda, para com um cidadão negro, rastafari e indefeso, visto que não havia motivos para que eu tivesse sido tratado dessa forma. Não tinha tumulto, não tinha confusão, não tinha nada. Simplesmente pelo fato de ser negro e de ser rasta, eu quase tive a minha vida ceifada no circuito do carnaval”, lamentou, indignado, o policial civil..

Além de Investigador da Policia Civil, Adson é bacharel em Direito e possui pós- graduação em Direito Penal e especialização em Direito Processual.

Procurada pela imprensa, a PM-BA afirmou apenas que “o fato está sendo apurado”.

A Polícia Civil da Bahia, também acionada, respondeu que a ocorrência da agressão foi realizada em um dos postos da corporação no circuito Barra-Ondina, onde foram realizadas as oitivas e expedidas as guias periciais.

O caso foi encaminhado para a 14ª Delegacia Territorial (DT Barra), que ficará responsável pela investigação do caso. O Departamento de Polícia Metropolitana (DEPOM), no qual o Adson é lotado, também está acompanhando o caso.

Diretores do SINDPOC participam de reunião na SEPROMI sobre o caso de agressão ao IPC Adson Gomes da Silva


Na manhã de sexta – feira (03), a diretores do Sindicato dos Policiais Civis, acompanharam o IPC Adson Gomes da Silva – vítima de agressão por policiais militares, fato ocorrido no circuito do carnaval - em reunião na Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI).

Além dos líderes sindicais e o IPC Adson, Participaram da reunião o IPC Adson Gomes Miranda, a Secretária da pasta, Ângela Guimarães, o corregedor Geral da SSP, Antônio Mendes e o representante da PMBA, Capitão André dos Santos.

O diretor do sindicato Jadilson de Jesus comentou sobre a reunião e seus resultados imediatos. “A conversa aqui na SEPROMI foi excelente. Em nome do governador Jerônimo Rodrigues, Ângela Guimarães pediu desculpas ao colega agredido. A partir de agora o mesmo contará com suporte psicológico e outros benefícios da secretaria. Tanto o representante da PM e da SSP se comprometeram em fazer a mais rigorosa apuração, para que atos como esses não venham mais a acontecer”, disse Jadilson.

Ana Carla, vice-presidente do Sindicato, que participou da reunião, confirmou o compromisso do estado em não deixar o assunto cair no esquecimento. “Nessa reunião o que foi nos passado pelo corregedor da SSP, Antônio Mendes e o representante da PMBA, Capitão André dos Santos é que esse caso terá a mais rigorosa apuração para que haja uma resposta ao Adson e toda a sociedade baiana que ficou chocada com esse fato”, finalizou, a vice – presidente.

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