O mês de março é conhecido pela cor azul-marinho em conscientização ao câncer colorretal. A doença origina-se no intestino grosso, também chamado de cólon, e no reto, região final do trato digestivo e anterior ao ânus.
O responsável técnico da oncologia clínica do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), Gabriel Passos, disse que a maior parte dos casos acontecem em pessoas com mais de 45 anos, mas chama a atenção para o aumento no número de diagnósticos entre a população jovem.
Segundo ele, os fatores de risco são divididos entre aqueles relacionados aos hábitos de vida como o sedentarismo, alcoolismo, tabagismo e os hereditários, a exemplo do histórico familiar/pessoal e idade avançada.
“Como regra geral na oncologia, quanto mais avançada a idade, maior o risco de se desenvolver um câncer. Para o câncer colorretal, isso também se aplica. A maior parte dos casos acontecem em pessoas com mais de 45-50 anos. Contudo, estamos vendo um aumento de incidência em pessoas mais jovens, que pode estar relacionada à piora no estilo de vida da sociedade”, explicou.
Gabriel Passos destacou que a mudança do estilo de vida é primordial para se evitar no futuro, não só o câncer colorretal, mas outros tipos de doenças. O ideal, segundo ele, é a adoção de hábitos como prática de atividades físicas, manter a dieta balanceada, evitar alimentos processados e gorduras em excesso, bem como tratar a obesidade e se abster do consumo de álcool e cigarro.
“Além da mudança de estilo de vida, existe a estratégia do rastreamento para o câncer colorretal, feito principalmente com o exame da colonoscopia, que é capaz de detectar pólipos e lesões pré-cancerígenas e, no mesmo momento, remover essas lesões, evitando o desenvolvimento do câncer”, complementou.
O oncologista também destacou a necessidade do tratamento e explicou que o exame padrão-ouro para o diagnóstico do câncer colorretal é a colonoscopia. De acordo com o médico, o tratamento dependerá do estágio da doença e das características clínicas de cada paciente.
“Ele é capaz de detectar desde lesões pré-cancerígenas até lesões já claramente neoplásicas. Durante o procedimento é realizada a biópsia da lesão suspeita, que pode confirmar o diagnóstico da doença.
O tratamento do câncer colorretal é multidisciplinar e pode envolver cirurgia para remoção do tumor, quimioterapia e radioterapia. A definição exata do tratamento depende do estágio da doença ao diagnóstico e das características clínicas do paciente”.
Apesar de ser o terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o colorretal tem cura. Passos afirma ser extremamente importante que, pelo menos, a partir dos 45 anos seja realizado o exame de colonoscopia ou muito antes, caso haja história familiar que indique o rastreio precocemente.
“Após o primeiro exame, o intervalo de repetição varia de acordo com os resultados encontrados, podendo ser indicado um rastreio mais ou menos intensivo. As chances de cura dependem do estágio da doença. Quando falamos do câncer em estágio I, as chances de cura podem chegar a 95%. Já para os pacientes que descobrem a doença em estágio IV, as chances caem bastante, com menos de 15% dos pacientes vivos, cinco anos após o diagnóstico. Essa diferença entre os resultados se dá porque a doença em estágio IV já está disseminada para outros órgãos do corpo, dificultando bastante o trabalho de eliminação da doença”, explicou.