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Rede de ensino é cenário de fala e transformação para mulheres

No Dia Internacional da Mulher, Secretaria de Estado da Educação e da Cultura traz histórias que representam 10.118 mulheres da Rede Pública Estadual de Ensino

07/03/2023 às 18h06
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe
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“Os obstáculos vieram só para me dar mais forças. Cada um deles pelos quais passei foi importante para me fortalecer e mostrar que posso cada vez mais”. É com esse pensamento que a paratleta Raquel Vitória, 17, aluna do Colégio Estadual Irmã Maria Clemência, em Capela, no leste sergipano, entra nas pistas para mais uma disputa no paratletismo. Ela já participou de campeonatos de norte a sul do país, sempre com a mesma garra e acompanhada da mãe, Lilian dos Santos Silva. Ou seja, duas mulheres unidas para um único objetivo: superar obstáculos e seguir cada vez mais fortes.

No esporte escolar, ela encontrou forças para seguir em frente e não desistir. Foram centenas de radiografias, exames, medicações, a descoberta do tumor, a quimioterapia, a amputação da perna. “Guerreira, é assim que a vejo”, afirma Lilian dos Santos, mãe de Raquel.

Como a de Raquel, há uma diversidade de histórias que contam as trajetórias de vida de mais de 10.118 mulheres funcionárias da Rede Estadual de Ensino de Sergipe. De um total de 16.836 servidores com vínculo na rede sergipana, 61% da rede pública estadual é composta por mulheres. São professoras, merendeiras, gestoras, diretoras, coordenadoras, vigilantes, pedagogas, psicólogas, empreendedoras, assessoras, chefes, algumas mães, muitas delas visionárias e resilientes. Todas são mulheres.

Do Centro de Excelência Paulo Costa, em Aracaju, a história de vida da aluna Francyelle Kauane começa pelo fato de ser mulher trans. “Tem aquele ou aquela que se sente no direito de vir e opinar sobre mim, te colocar em falas a que você mesma não consegue se submeter. Ser mulher trans em algumas partes é muito doloroso em relação a familiares, a colegas, por que têm uns que não aceitam e falam palavras maldosas. Tudo isso é uma batalha da mulher trans”, conta.

Exemplo de casa

Mariana Trindade, jovem protagonista do Ensino Médio em Tempo Integral do Centro de Excelência Cleonice Soares Fonseca, em Boquim, no sul do estado, aprendeu em casa o conceito de sororidade. O sentimento de irmandade entre mulheres, a empatia e a solidariedade começaram com a avó Tereza, que fez da casa onde moram o local de encontro dos Jovens Protagonistas da escola da neta. “Minha casa sempre foi uma extensão da escola para os protagonistas. Tenho grandes exemplos de mulheres em casa. Minha mãe é uma fortaleza, não conheço mulher tão madura e guerreira. E meu pai ama dizer que admira tanto as mulheres que nasceu no dia internacional delas”, diz Mariana.

Aos 17 anos, “filha única, mas nada mimada”, Mariana Trindade conta que não gosta de ser chamada de feminista, mas que luta pelo lugar de fala que lhe cabe. “Afirmo que tenho ações feministas. Acho melhor assim”, explica.

Contribuição

“Impactar positivamente na vida do outro”. Assim é o lema de vida da professora, mãe e coordenadora do Pré-Universitário da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), Gisele Pádua, ao pensar em seu trabalho diário. Este trabalho abrange mais de cinco mil jovens por ano, na busca do acesso ao ensino superior.

Gisele conta que descobriu querer ser professora com 15 anos, ainda cursando a primeira série do Ensino Médio. E para que isso se tornasse realidade, contou com referências familiares de mulheres fortes, determinantes em sua formação. “Olho para o ano 2000 e sinto tanto orgulho de mim. Venci o desafio de sair da periferia para a universidade. Venci o desafio de ser mãe durante o curso. Venci o maior desafio da minha vida, que foi voltar à vida, superando a covid. Venço todos os dias o desafio de ser mãe de um adolescente lindo. Venço todos os dias o desafio de contribuir para a construção de uma educação pública de qualidade. E tudo isso só é possível porque tenho mulheres fortes me inspirando todos os dias”, afirma.

A professora Cleciane Santos Alves, do Centro de Excelência Professor Abelardo Romero Dantas, em Lagarto, na região centro sul, tem uma trajetória construída dentro da escola. Ela ingressou no serviço público como executora de serviços básicos através de um concurso público. Em paralelo ao trabalho no Abelardo Romero, cursou Letras Português na UFS. Seis anos depois foi novamente aprovada em outro concurso, desta vez, para o Magistério.

“A menina do povoado Curralinho tornou-se professora do quadro efetivo do magistério da rede estadual. Tive a grandiosa oportunidade de estar na sala de aula. Foi lá que eu disse aos meus alunos que eles podiam ir para além do imaginado. Lá eu vi a pedagogia da autonomia de Paulo Freire se materializar; lá eu consegui enxergar as palavras da grande professora e escritora Geni Guimarães quando ela afirma: ‘É dar visibilidade ao meu apreço pela liberdade’”, conta, com orgulho de sempre ter trabalhado na mesma escola desde os tempos de executora de serviços básicos, da gestão na Diretoria Regional e de professora em sala de aula.

No Centro de Excelência Dr. Edélzio Vieira de Melo, em Santa Rosa de Lima, no leste sergipano, há mais um caso de sucesso na contribuição para a educação. Percebendo que algumas alunas tinham dificuldades em conciliar a maternidade com a sala de aula, a professora Gleide Soares Leandro criou a disciplina eletiva do ensino médio em tempo integral ‘Bebê a Bordo’. A atividade permite às alunas mães levarem seus bebês às salas de aula, tornando mais leve a maternidade e conciliando com os estudos. “Com essa eletiva conseguimos resgatar uma aluna que tinha abandonado os estudos, e no fim ela passou em segundo lugar na UFS. Creio que esse protagonismo já nasce com toda mulher. É observar as situações-problema e achar soluções”, explica.

Cheiros e sabores

Maria Eliana Santos Fernandes é integrante de uma equipe de merendeiras que faz dos intervalos na Escola Estadual Graccho Cardoso, em Propriá, no Baixo São Francisco, ter mais cheiro e sabor. Elas são algumas das 1.513 mulheres merendeiras que todos os dias cozinham para mais de 150 mil alunos da rede pública estadual de ensino. Para Maria Eliana, a maior retribuição ao seu trabalho de mais de 13 anos de cantina é ouvir o “delícia” dos alunos.

“Sinto que estou fazendo bem o meu trabalho. Quando um aluno vem e diz ‘tia, está uma delícia', eu me realizo. Vou até além da cozinha e interfiro no momento em que as crianças estão fora da sala de aula, incentivo os alunos a estudarem, e como mulher, sou mulher com M maiúsculo. Levo meu sorriso e amor na minha execução de merendeira”, diz.

Iguais em meio às diferenças

Filha de pais semianalfabetos, fruto de uma família de cinco irmãos, negra, oriunda da rede pública de ensino e da luta em favor dos afrodescendentes. Esta é Rosenilde Santos, diretora da Escola Estadual Júlia Teles, em Nossa Senhora do Socorro, na Grande Aracaju, que traz consigo as cicatrizes de superação e glória.

“Além da luta contra o preconceito racial que nós, mulheres negras, sofremos, tenho a responsabilidade de oportunizar, como educadora, orientações libertadoras aos alunos. Sobretudo àqueles que, além da afrodescendência, passam pelas condições de marginalização que as comunidades periféricas enfrentam. São muitas coisas que passei em minha trajetória escolar e profissional. Hoje, na condição de gestora escolar em uma unidade de ensino situada no Conjunto Jardim, vejo florescer o sonho de oferecer uma educação digna e de qualidade para as populações periféricas. Esta inclui o acolher, o empoderar e o libertar para construção de seres mais participantes na busca de uma sociedade menos desigual. Nesta sociedade, nós, mulheres e negras, poderemos ser o que quisermos, seguindo firme na esperança de que todos podemos ser iguais em meios às nossas diferenças”, destaca.

São várias falas, vários perfis de vida, várias histórias profissionais e familiares. Cada mulher tem a sua para contar. Para o secretário de Estado da Educação, Zezinho Sobral, o Dia Internacional da Mulher é mais do que especial, pois lembra que o poder de fala feminino deve ser exercido em qualquer lugar.

“As mulheres são e devem ser cada vez mais reconhecidas como protagonistas das transformações, e desempenham um papel fundamental na formação de uma sociedade mais justa e igualitária. Todos nós da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura estamos comprometidos em promover ações que fortaleçam e valorizem ainda mais o trabalho dessas profissionais, buscando oferecer as condições necessárias para que possam desempenhar suas atividades com excelência e tenham o merecido reconhecimento. As mulheres podem e devem estar onde elas desejam e querem. Todas as mulheres da rede estadual de ensino contribuem diariamente para o futuro de Sergipe. Todo dia é dia de parabenizar, valorizar e respeitar”, ressalta.

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