GERAL Sergipe
Mulheres que inspiram e que fomentam o turismo no estado
Produzidos por mãos femininas, artesanato e gastronomia tornam destinos turísticos ainda mais atrativos
08/03/2023 10h05
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe

Mulheres são fontes de inspiração. Inspiram pela luta, determinação e coragem na vida pessoal. Inspiram pela força, dedicação e criatividade nas atividades que executam. E assim elas vão demonstrando que não há limite para o que são capazes de fazer e alcançar. Em Sergipe, muitas dessas mulheres disponibilizam seus saberes e fazeres para desenvolver o turismo no Estado, contribuindo e se destacando neste segmento.

Os lugares onde elas vivem e trabalham, destinos turísticos que, muitas vezes, atraem pelas belezas naturais ou pela arquitetura de prédios históricos, se tornam ainda mais interessantes quando os turistas se deparam com atrativos produzidos por mãos femininas, como o artesanato ou a gastronomia. 

Há trabalhadoras do segmento do turismo cujas trajetórias são exemplos e inspiração para tantas outras e que até se tornam chamarizes para quem busca conhecer mais de perto um destino turístico. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, contar a história de algumas delas, com a doceira Marieta Santos, a bordadeira Alzira Alves, a catadora de mangaba Patrícia de Jesus, a marisqueira Joseane Oliveira e Edilma Chagas, que é vice-presidente da Sociedade de Culto Afro Brasileiro Filhos de Obá, é uma forma de respeito e reconhecimento pela contribuição que dão ao turismo sergipano. 

Marieta e as queijadinhas

São Cristóvão, a 23 quilômetros de Aracaju, quarta cidade mais antiga do Brasil e a primeira capital de Sergipe, guarda muitos tesouros. Uma delas é Marieta Santos. Descendente de escravos, a senhora de 78 anos é a mais antiga doceira a preparar a queijadinha, símbolo máximo da gastronomia do município. Tradição bicentenária na cidade, o doce foi alçado a Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2011.

Segundo Dona Marieta, a arte de fazer a queijada foi aprendida quando tinha apenas 8 anos, numa época em que a pobreza e a fome andavam de mãos dadas na família dela. Com tão pouca idade, saía pelas ruas para vender o doce feito pela mãe e também a ajudava a prepará-lo. “Foi com a queijada que eu criei meus irmãos e os meus três filhos. Foi o que tirou minha família da miséria”, revela. 

A doceira destaca a importância de a queijadinha ter se tornado patrimônio imaterial e afirma: “Se depender de mim, essa cultura não morre”. Além disso, ela ressalta o orgulho de ter repassado a tradição para as mulheres da família. Hoje, trabalham com ela uma neta e três sobrinhas. “Continuo fazendo queijada. Estou aqui hoje trabalhando. Acordo às 4 horas da manhã para preparar o doce”, comenta. 

Os bordados de Dona Alzira 

Conhecido pelo turismo religioso, o município de Divina Pastora, no Leste sergipano, também é marcado por um talento em particular: o bordado de renda irlandesa. Desde 2008 considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, essa renda é uma das responsáveis por atrair turistas ao município. E entre as inúmeras mulheres que contribuem para manter viva essa tradição, está a mestra Alzira Alves, uma das mais antigas artesãs em atividade nessa prática em Sergipe, acumulando mais de 50 anos dedicados a esse ofício.

Com mãos hábeis, Dona Alzira transforma cordões e linhas em obras de arte, fazendo surgir bolsas, toalhas e roupas. “Aprendi a bordar por volta dos 12 anos com minha tia Sinhá e, até hoje, não parei. Na verdade, muito mais que um ofício, para mim, é uma terapia, porque é aqui na Associação [para o Desenvolvimento de Renda Irlandesa de Divina Pastora (Asderen)] onde venho todos os dias me distrair, fazendo o que mais gosto”, afirma.

Patrícia e as mangabas

Na Barra dos Coqueiros, Região Metropolitana de Aracaju, os turistas podem conhecer algumas praias: Atalaia Nova, situada na foz do rio, da Costa e Jatobá. Além disso, para os adeptos do turismo religioso, é possível visitar as igrejas de Santa Luzia e de São Pedro Pescador. Nesse contexto de atrativos turísticos, a mangaba também merece destaque, afinal é a fruta-símbolo de Sergipe e orgulho para Patrícia Santos de Jesus, catadora de mangaba que se tornou turismóloga e mestre em Desenvolvimento em Meio Ambiente. 

Aos 38 anos, Patrícia é uma veterana no ofício de catar mangabas, pois tinha apenas 6 quando começou. Além disso, é responsável pela organização e divulgação dos produtos feitos pelas catadoras de mangaba da região, a exemplo de geleias, balas de coco, trufas, tortaletes, pães de mel, bolos e muitos outros, que também são comercializados de forma virtual. 

“Nós, catadoras de mangaba, fazemos um trabalho de conscientização ambiental. Defendemos a garantia de territórios para nós e também para outras comunidades tradicionais, que têm uma relação muito próxima com o meio ambiente”, comenta Patrícia. Ressalte-se que a maioria das catadoras de mangaba também desenvolve outras atividades tradicionais, a exemplo da pesca artesanal e da mariscagem, além disso praticam o extrativismo da fruta.

Joseane e o quebrado de aratu 

Joseane Santos Oliveira, 38 anos, do Povoado Preguiça, em Indiaroba, Litoral Sul de Sergipe, também tem na mariscagem a fonte de renda para sustentar os três filhos adolescentes que moram com ela – o mais velho, de 18 anos, o quarto da prole, fica com o avô. Na profissão de marisqueira desde os 11 anos, ela segue os passos dos pais e dos irmãos. 

Sem embarcação própria, porém, depende de terceiros para catar aratus no mangue. “Às vezes, passo o dia todo para pegar meio quilo de aratu”, relata. Apesar das dificuldades naturais da profissão, Joseane salienta que gosta muito do que faz. “Sinto muito orgulho de ser marisqueira. Quando estou quebrando o aratu e separando a carne, me esqueço dos problemas. É quase como uma terapia para mim”, explica. 

O quebrado de aratu, como é chamado o produto, é vendido para os restaurantes da região, o que rende moquecas de dar água na boca. Com grande potencial turístico, Indiaroba possibilita passeios de barco pelo Rio Real; carnaval cultural com desfile de blocos de rua; festejos juninos com fogos, forró e a queda do mastro; e passeio em Terra Caída.  

Edilma e o Filhos de Obá 

Cultura, tradição e religiosidade se mesclam em Laranjeiras, município que celebra a ancestralidade do povo negro através do Filhos de Obá, primeiro terreiro do Estado. Fundado no século XVIII, tornou-se Patrimônio Imaterial de Sergipe. “Fazemos vários trabalhos sociais voltados à comunidade. Dentro desse projeto, há o Banquete de Chão, em que a culinária é trabalhada pelas mulheres do terreiro. O objetivo é arrecadar fundos com o apoio de entidades e do poder público”, explica a advogada Edilma Santos Chagas, 31 anos, vice-presidente da Sociedade de Culto Afro Brasileiro Filhos de Obá. 

Além do Banquete de Chão, há o grupo de dança Afro Mile e a banda Axé Obá. Também existe um projeto com mulheres em estado de vulnerabilidade, como marisqueiras, quilombolas, catadoras de mangaba, prostitutas, povos tradicionais (indígenas), entre outros. “O Terreiro Filhos de Obá é combustível para a vida. Quando olho, consigo visualizar que o Filhos de Obá é um produto dos meus antepassados”, resume. 

Para Edilma, o Filhos de Obá tem grande relevância para o turismo em Laranjeiras por se tratar de um terreiro secular existente há mais de 200 anos, desenvolvendo um trabalho religioso e social. “Tem importância antropológica e histórica. Com essa secularidade, torna-se um atrativo turístico. Além disso, são poucos os terreiros tombados no Brasil, o que atrai muitos turistas”, avalia.

Mulheres que inspiram e que fomentam o turismo no estado
GERAL Sergipe
Mulheres que inspiram e que fomentam o turismo no estado
Produzidos por mãos femininas, artesanato e gastronomia tornam destinos turísticos ainda mais atrativos
08/03/2023 10h05
Por: Redação Fonte: Secom Sergipe

Mulheres são fontes de inspiração. Inspiram pela luta, determinação e coragem na vida pessoal. Inspiram pela força, dedicação e criatividade nas atividades que executam. E assim elas vão demonstrando que não há limite para o que são capazes de fazer e alcançar. Em Sergipe, muitas dessas mulheres disponibilizam seus saberes e fazeres para desenvolver o turismo no Estado, contribuindo e se destacando neste segmento.

Os lugares onde elas vivem e trabalham, destinos turísticos que, muitas vezes, atraem pelas belezas naturais ou pela arquitetura de prédios históricos, se tornam ainda mais interessantes quando os turistas se deparam com atrativos produzidos por mãos femininas, como o artesanato ou a gastronomia. 

Há trabalhadoras do segmento do turismo cujas trajetórias são exemplos e inspiração para tantas outras e que até se tornam chamarizes para quem busca conhecer mais de perto um destino turístico. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, contar a história de algumas delas, com a doceira Marieta Santos, a bordadeira Alzira Alves, a catadora de mangaba Patrícia de Jesus, a marisqueira Joseane Oliveira e Edilma Chagas, que é vice-presidente da Sociedade de Culto Afro Brasileiro Filhos de Obá, é uma forma de respeito e reconhecimento pela contribuição que dão ao turismo sergipano. 

Marieta e as queijadinhas

São Cristóvão, a 23 quilômetros de Aracaju, quarta cidade mais antiga do Brasil e a primeira capital de Sergipe, guarda muitos tesouros. Uma delas é Marieta Santos. Descendente de escravos, a senhora de 78 anos é a mais antiga doceira a preparar a queijadinha, símbolo máximo da gastronomia do município. Tradição bicentenária na cidade, o doce foi alçado a Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe em 2011.

Segundo Dona Marieta, a arte de fazer a queijada foi aprendida quando tinha apenas 8 anos, numa época em que a pobreza e a fome andavam de mãos dadas na família dela. Com tão pouca idade, saía pelas ruas para vender o doce feito pela mãe e também a ajudava a prepará-lo. “Foi com a queijada que eu criei meus irmãos e os meus três filhos. Foi o que tirou minha família da miséria”, revela. 

A doceira destaca a importância de a queijadinha ter se tornado patrimônio imaterial e afirma: “Se depender de mim, essa cultura não morre”. Além disso, ela ressalta o orgulho de ter repassado a tradição para as mulheres da família. Hoje, trabalham com ela uma neta e três sobrinhas. “Continuo fazendo queijada. Estou aqui hoje trabalhando. Acordo às 4 horas da manhã para preparar o doce”, comenta. 

Os bordados de Dona Alzira 

Conhecido pelo turismo religioso, o município de Divina Pastora, no Leste sergipano, também é marcado por um talento em particular: o bordado de renda irlandesa. Desde 2008 considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, essa renda é uma das responsáveis por atrair turistas ao município. E entre as inúmeras mulheres que contribuem para manter viva essa tradição, está a mestra Alzira Alves, uma das mais antigas artesãs em atividade nessa prática em Sergipe, acumulando mais de 50 anos dedicados a esse ofício.

Com mãos hábeis, Dona Alzira transforma cordões e linhas em obras de arte, fazendo surgir bolsas, toalhas e roupas. “Aprendi a bordar por volta dos 12 anos com minha tia Sinhá e, até hoje, não parei. Na verdade, muito mais que um ofício, para mim, é uma terapia, porque é aqui na Associação [para o Desenvolvimento de Renda Irlandesa de Divina Pastora (Asderen)] onde venho todos os dias me distrair, fazendo o que mais gosto”, afirma.

Patrícia e as mangabas

Na Barra dos Coqueiros, Região Metropolitana de Aracaju, os turistas podem conhecer algumas praias: Atalaia Nova, situada na foz do rio, da Costa e Jatobá. Além disso, para os adeptos do turismo religioso, é possível visitar as igrejas de Santa Luzia e de São Pedro Pescador. Nesse contexto de atrativos turísticos, a mangaba também merece destaque, afinal é a fruta-símbolo de Sergipe e orgulho para Patrícia Santos de Jesus, catadora de mangaba que se tornou turismóloga e mestre em Desenvolvimento em Meio Ambiente. 

Aos 38 anos, Patrícia é uma veterana no ofício de catar mangabas, pois tinha apenas 6 quando começou. Além disso, é responsável pela organização e divulgação dos produtos feitos pelas catadoras de mangaba da região, a exemplo de geleias, balas de coco, trufas, tortaletes, pães de mel, bolos e muitos outros, que também são comercializados de forma virtual. 

“Nós, catadoras de mangaba, fazemos um trabalho de conscientização ambiental. Defendemos a garantia de territórios para nós e também para outras comunidades tradicionais, que têm uma relação muito próxima com o meio ambiente”, comenta Patrícia. Ressalte-se que a maioria das catadoras de mangaba também desenvolve outras atividades tradicionais, a exemplo da pesca artesanal e da mariscagem, além disso praticam o extrativismo da fruta.

Joseane e o quebrado de aratu 

Joseane Santos Oliveira, 38 anos, do Povoado Preguiça, em Indiaroba, Litoral Sul de Sergipe, também tem na mariscagem a fonte de renda para sustentar os três filhos adolescentes que moram com ela – o mais velho, de 18 anos, o quarto da prole, fica com o avô. Na profissão de marisqueira desde os 11 anos, ela segue os passos dos pais e dos irmãos. 

Sem embarcação própria, porém, depende de terceiros para catar aratus no mangue. “Às vezes, passo o dia todo para pegar meio quilo de aratu”, relata. Apesar das dificuldades naturais da profissão, Joseane salienta que gosta muito do que faz. “Sinto muito orgulho de ser marisqueira. Quando estou quebrando o aratu e separando a carne, me esqueço dos problemas. É quase como uma terapia para mim”, explica. 

O quebrado de aratu, como é chamado o produto, é vendido para os restaurantes da região, o que rende moquecas de dar água na boca. Com grande potencial turístico, Indiaroba possibilita passeios de barco pelo Rio Real; carnaval cultural com desfile de blocos de rua; festejos juninos com fogos, forró e a queda do mastro; e passeio em Terra Caída.  

Edilma e o Filhos de Obá 

Cultura, tradição e religiosidade se mesclam em Laranjeiras, município que celebra a ancestralidade do povo negro através do Filhos de Obá, primeiro terreiro do Estado. Fundado no século XVIII, tornou-se Patrimônio Imaterial de Sergipe. “Fazemos vários trabalhos sociais voltados à comunidade. Dentro desse projeto, há o Banquete de Chão, em que a culinária é trabalhada pelas mulheres do terreiro. O objetivo é arrecadar fundos com o apoio de entidades e do poder público”, explica a advogada Edilma Santos Chagas, 31 anos, vice-presidente da Sociedade de Culto Afro Brasileiro Filhos de Obá. 

Além do Banquete de Chão, há o grupo de dança Afro Mile e a banda Axé Obá. Também existe um projeto com mulheres em estado de vulnerabilidade, como marisqueiras, quilombolas, catadoras de mangaba, prostitutas, povos tradicionais (indígenas), entre outros. “O Terreiro Filhos de Obá é combustível para a vida. Quando olho, consigo visualizar que o Filhos de Obá é um produto dos meus antepassados”, resume. 

Para Edilma, o Filhos de Obá tem grande relevância para o turismo em Laranjeiras por se tratar de um terreiro secular existente há mais de 200 anos, desenvolvendo um trabalho religioso e social. “Tem importância antropológica e histórica. Com essa secularidade, torna-se um atrativo turístico. Além disso, são poucos os terreiros tombados no Brasil, o que atrai muitos turistas”, avalia.