Mais um dado alarmante da violência armada na Bahia. Na noite do último sábado (4), Salvador e Região Metropolitana atingiram a marca de 1.000 tiroteios/disparos de arma de fogo desde que o Instituto Fogo Cruzado iniciou suas atividades na Bahia, em julho de 2022. O milésimo registro ocorreu no município de Mata de São João, quando um borracheiro foi morto e outro homem ficou ferido ao serem atingidos por tiros efetuados por homens armados que chegaram num bar em que eles estavam, no bairro do Caboré.
O primeiro registro de troca de tiro feito pelo instituto foi a ocorrência do dia 1º de julho, no terminal de ônibus de Pirajá, que deixou uma pessoa morta e seis feridas. Esta é a segunda ocorrência com maior número de baleados. Com o maior número de vítimas registradas, está o tiroteio da noite do dia anterior ao marco dos 1.000, que atingiu 10 pessoas que participavam de uma festa na Rua 24 de Março, localidade próxima a uma delegacia, no bairro de Tancredo Neves, em Salvador, no dia 3 de março. Entre as 10 vítimas, três crianças e três moradores da localidade.
Os 1.000 tiroteios mapeados em Salvador e Região Metropolitana resultaram na morte de 677 pessoas e deixaram outras 211 feridas. Entre os 888 baleados neste período, houve, em média, 111 atingidos por mês. Do total de 1.000 tiroteios, 475 foram casos de homicídio/tentativa, 327 ocorreram durante ações e operações policiais e 148 em meio a disputas. Houve ainda 25 chacinas que resultaram na morte de 84 pessoas.
Salvador
Salvador lidera o ranking dos municípios mais atingidos pela violência armada. Em média, a cada quatro tiroteios ocorridos em Salvador e RMS, três ocorreram na região. Os municípios mais afetados foram:
● Salvador: 741 tiroteios, 465 mortos e 164 feridos
● Camaçari: 89 tiroteios,65 mortos e 16 feridos
● Lauro de Freitas: 44 tiroteios, 23 mortos e 9 feridos
● Simões Filho: 36 tiroteios, 35 mortos e 5 feridos
● Mata de São João: 29 tiroteios, 29 mortos e 4 feridos
Em oito meses de atividade houve o registro de 33 vítimas de bala perdida, onde 12 pessoas foram mortas e 21 ficaram feridas. 52 pessoas foram baleadas dentro de residências: 50 foram mortas e duas feridas. Outras 31 pessoas foram vítimas da violência quando estavam em bares: 18 foram mortas e 13 ficaram feridas. Do total de 888 baleados, 836 eram pessoas adultas: 645 foram mortas e 191 feridas. Nove idosos foram mortos e cinco foram feridos; 20 adolescentes foram mortos e outros sete ficaram feridos e uma criança foi morta; e outras oito foram feridas. Duas pessoas mortas não tiveram a faixa etária identificada.
Os homens foram maioria entre as vítimas de arma de fogo com 783 baleados, onde 630 foram mortos e 153 ficaram feridos. 82 mulheres foram baleadas, onde 43 foram mortas e 39 feridas. Entre as mulheres baleadas no período, quatro foram vítimas de feminicídio. Houve o registro da morte de uma pessoa não-binária e não foi possível obter a identificação de três pessoas mortas e 19 feridas. Do total de baleados registrados pelo Instituto desde o início de suas atividades, 204 eram pessoas negras, destas, 188 foram mortas e 16 feridas.