Ele foi uma das figuras mais folclóricas e queridas de Salvador. Ele fazia parte do cartão postal de Salvador, todos ficavam no passeio olhando a apresentação de do Guarda Pelé quando os turistas passavam paravam para olhar o show de elegância que ele dava no trânsito.
O Guarda Pelé, como era, carinhosamente chamado, pelos baianos tornou-se o agente de trânsito mais famoso do país. Nos anos 60 e 70, controlava o trânsito do centro de Salvador, principalmente na Avenida Sete, Centro Histórico e Baixa dos Sapateiros, com seu apito e suas coreografias espalhafatosas.
Usando mãos, braços, pernas, caras e bocas, e com muito humor, ajudava, principalmente, as crianças e idosos a atravessarem as ruas da capital baiana. Seu nome de batismo é Armando Marques da Silva.
O policial militar ganhou o mundo com sua criatividade, ele foi convidado para se apresentar em diversos locais do país, como São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre, além de atravessar as fronteiras e ir para Argentina, Colômbia, Estados Unidos Inglaterra e tantos outros.
Foi convidado pelo governo dos Estados Unidos para controlar o trânsito de New York. Também foi condecorado na Inglaterra pela Scotland Yard, a Polícia Militar de Londres, recebendo o “Apito de Ouro” e sendo observado pela rainha Elizabeth. Ganhou uma homenagem biográfica, da Assembleia Legislativa de Salvador, na coleção “Gente da Bahia”. Foi tema do livro “Guarda Pelé”, da autoria do Capitão da Polícia Militar da Bahia e historiador Raimundo Marins.
HISTÓRIAS
Pelé relembra que o trânsito sempre foi caótico, eu trabalhava ali na região da Fonte Nova, com a ladeira dos Galés, morava em Cosme de Farias, fiz o pedido ao comandante. Antigamente os carros desciam ali da Fonte das Pedras, não tinha Bonocô, nem nada alí. Ele perguntou porque eu queria ir pra lá, e eu disse que era perto de casa.
Ele respondeu dizendo que ali só iria um policial insubordinado, como castigo porque o tráfego alí não parava. Mas eu disse que eu queria ali, e fui”, disse.
Pelé conta que no primeiro dia de trabalho chegou mais cedo para analisar o trânsito da área. “Aí então, quando foi 7h da manhã, cheguei, fui mais cedo pra poder estudar como era o movimento dali. A via preferencial o veículo se locomove com mais rapidez, aí eu fiquei parado. Os colegas trabalhando e eu olhando, aquele sufoco. Quando me entregaram o serviço, aí eu disse, agora vou tentar fazer a tentativa. Senti uma dificuldade, carro surgia, sumia. Eu aí fiquei estudando olhando, e aí fui tentar”, completou.
“Eu digo, vou estudar um jeito pra ver se dá certo. Fui pra casa, cheguei lá, tem o espelho, eu saí do exército, quando eu saí do exército, entrei na polícia, só foi vestir a farda. Quando estou lá, pá pá, meia volta, direita, esquerda, daqui a pouco se dá o amarelo, botava a mão pra cima: advertência. Aí pensei, vou colocar isso em prática. Quando cheguei lá, sincronizei o apito com meus movimentos. Uma semana mais ou menos, cheguei lá, comecei a fazer, sozinho. Começou a juntar gente, e falavam: "Aquele policial tá maluco" e eu lá, o tráfego começou a andar rapaz.
Duas semanas já não congestionava mais, aí o pessoal: "é assim que se trabalha" aí começou a aglomeração de gente e eu vi que estava dando certo”, contou.
Hoje aposentado como policial militar e rodoviário, tem 87 anos e hoje vive em Xique-Xique, no interior da Bahia. Apesar das inúmeras lendas que envolvem a sua história o Guarda Pelé está registrado na memória histórica e afetiva de milhares de baianos.
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