POLÍCIA CIVIL MG: POLÍCIA DE LUTO
O que se sabe sobre a morte da policial Rafaela Drumond?
A escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais foi encontrada morta na casa dos pais no dia 9 de junho. Há evidências de que ela teria sofrido assédio no ambiente de trabalho
07/07/2023 11h08 Atualizada há 1 ano
Por: Carlos Nascimento Fonte: Redação

O caso da escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Rafaela Drumond, encontrada morta na última sexta-feira (9), vem gerando comoção no Estado e nas redes sociais. A mulher de 31 anos foi achada na casa dos pais, na cidade de Antônio Carlos (MG), e a ocorrência foi registrada como suicídio.


A PCMG declarou ontem (15) que foi instaurado um inquérito para apurar os fatos, e que as investigações seguem em andamento em Barbacena (MG). Rafaela atuava como escrivã na Delegacia de Polícia Civil em Carandaí (MG), e de acordo com o chefe do 13º Departamento de Órgão, delegado-geral Alexsander Soares Diniz, a jovem "era uma policial querida pelos policiais e gostava do exercício da profissão".

Suspeita de assédio

O início da investigação se deu após a Polícia ter acesso a vídeos e áudios gravados por Rafaela, indicando que ela teria sofrido assédio moral no ambiente de trabalho. Após a morte da vítima, o Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG) informou ter recebido informações de que a escrivã vinha sendo submetida a assédio moral e sexual, além de pressão com sobrecarga na Delegacia.

Em nota pública, o Sindicato afirmou que "também há informações sobre casos de afastamento de policiais por questões de saúde mental na regional onde laborava a escrivã, porém infelizmente essa tragédia aconteceu antes de termos a oportunidade de comparecer ao local".

A Corregedoria da PCMG, por sua vez, informou que está averiguando "eventuais transgressões disciplinares" de servidores da instituição no caso. "Buscamos uma investigação isenta, imparcial e profissional; rápida, mas rigorosa, pela exatidão que o fato requer", disse Alexsander Diniz.



HOMENAGENS

Em algumas unidades da Polícia Civil de Minas Gerais, um cartaz foi fixado nas portas exibindo o nome da vítima e as palavras "luto", "manifesto público" e "homenagem pela escrivã da Polícia".

 Os servidores fizeram uma oração em conjunto antes de seguirem para uma missa que foi celebrada em Barbacena.


Missa de sétimo dia de Rafaela Drumond aconteceu na noite da quinta (15/06), em Barbacena.

Agentes da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) realizaram, na quinta-feira (15/6), diversas homenagens à escrivã Rafaela Drumond por todo o estado. A servidora foi encontrada morta na casa dos pais na última sexta-feira (9/6), na cidade de Antônio Carlos, na Região do Campo das Vertentes.

As manifestações foram registradas em várias cidades de Minas. Em Belo Horizonte, servidores se reuniram na Praça da Estação, no Centro da cidade, com cartazes e balões em homenagem a Rafaela. Depois, eles saíram de ônibus até Barbacena, no Campo das Vertentes, onde às 19h foi celebrada missa de sétimo. O mesmo ato foi repetido em Muriaé, Ubá e Montes Claros.

“É uma luta contra o assédio. Nosso objetivo é que a Polícia Civil tome providência para punir esses assediadores. Não podemos aceitar criminosos praticando crimes contra os próprios policiais”, disse o diretor do Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de Minas Gerais (SINDEP-MG), Marcelo Horta.

Na manhã, dirigente da Polícia Civil concedeu uma entrevista coletiva sobre o caso. A investigação está sendo acompanhada de perto pela chefe da instituição, Letícia Gamboge, que esteve em Antônio Carlos, com a família de Rafaela.

Para o Delegado Alexsander Soares Diniz, chefe da Delegacia de Barbacena, a investigação é complicada e exige muita atenção por parte dos agentes. “Este é um caso muito sério e muito triste, que marca a história da Polícia Civil mineira”, disse.

ÁUDIOS REVELADOS TRAZEM UM REVIRAVOLTA NO CASO “SABE O QUE QUE ELE PEGOU E FEZ? 

No mês de fevereiro deste ano, a escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, que lamentavelmente faleceu no dia 9, compartilhou em áudios enviados a uma amiga relatos sobre diversos episódios de assédio moral, perseguição, boicote e até mesmo uma tentativa de agressão física por parte de seus colegas de trabalho na Polícia Civil de Minas Gerais.

Os desabafos da escrivã totalizam mais de 20 minutos de gravações, e o material está atualmente sob análise pelas autoridades da Polícia Civil. Além dos áudios, um vídeo no qual Rafaela é alvo de ofensas por um suposto colega também está sendo examinado por especialistas forenses.

A escrivã, infelizmente, foi descoberta falecida por seus pais em Antônio Carlos, região do Campo das Vertentes, e o caso foi registrado como um suicídio. A Polícia Civil iniciou uma investigação por meio de um inquérito para esclarecer os fatos, enquanto a Corregedoria da corporação está conduzindo uma apuração das denúncias de assédio que teriam ocorrido na delegacia de Carandaí, local onde Rafaela exercia sua função. Até o momento, não foram aplicadas suspensões relacionadas ao caso.

Nos áudios compartilhados, Rafaela fornece detalhes sobre o contexto do vídeo no qual foi ofendida e relata que, durante uma confraternização, após ser alvo de vários insultos, um colega chegou a virar uma mesa em sua direção, mas não a atingiu. Ela expressa remorso por não ter registrado tudo desde o início do incidente.

Denúncia de assédio dentro da polícia | Brasil Urgente