A narrativa de luta e resistência popular desde a redemocratização do Brasil desenha a exposição ‘Brasil Futuro: as formas da democracia’, que chega a Salvador nesta sexta-feira (14), no Centro Cultural Solar Ferrão, no Pelourinho. Na abertura da exposição, a curadora e historiadora Lília Schwarcz falou que Salvador recebe a maior versão da exposição até agora, com mais de 500 obras distribuídas entre os três andares do centro cultural, que é administrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).
“A cada lugar que chega, agregam-se trabalhos de artistas e novos curadores. A versão da capital baiana, a terceira cidade a receber o projeto, é a maior versão da exposição. Com ela, queremos dizer para a população que arte é sempre abertura, é democracia”, afirma Lília Schwarcz.
Para Adriana Cravo, a grande genialidade dessa exposição é a possibilidade de incorporar os acervos locais. “Em cada cidade que passa, vai incorporando os acervos de museus, projetos sociais e instituições, possibilitando que mais artistas, mestres e artesãos participem dessa grande exposição, que fala sobre diversidade e inclusão, e isso tem tudo a ver com a Bahia”, explicou a diretora do Solar Ferrão e uma das curadoras na Bahia.
A exposição, que era dividia em três núcleos – ‘Retomar Símbolos, Descolonizar’, ‘Somos Nós’ e ‘Tudo é Dádiva’ –, em Salvador ganhou mais um espaço, nomeado de ‘Tudo é Dádiva’. Pensados por Lília e os curadores Paulo Vieira, Márcio Tavares, Roberta Carvalho e Rogério Carvalho, os núcleos temáticos contam a história de diferentes grupos invisibilizados ao longo da história. A mostra conta com peças de artistas como Djanira, Mestre Didi, Mário Cravo, Denilson Baniwa, Daiara Tukano, Flávio Cerqueira e o Bastardo.
Tem também de artistas contemporâneos, como Larissa de Souza, e artistas populares baianos, como Eduardo Ferreira, do Acervo da Laje, do subúrbio de Salvador, e o fotógrafo Lázaro Roberto, do Zumví – Arquivo Afro Fotográfico, que também foram curadores de obras locais, ao lado Adriana Cravo, Daniel Rangel, representantes do Acervo da Laje e do Zumví – Arquivo Afro Fotográfico.
“Escolhemos fazer aqui uma das nossas principais atividades de comemoração do bicentenário da independência do Brasil na Bahia, através das exposições, trazendo para dentro do museu que trata sobre a colonização, exatamente o tema descolonização. É a primeira vez que ele é tomado só com arte brasileira, com artistas nacionais contando a nossa história”, explicou a diretora do Ipac, Luciana Mandelli. Segundo ela, é uma exposição emblemática, que traz um convite à reflexão sobre liberdade e democracia.
A ministra Margareth Menezes, também presente na abertura, considera a exposição itinerante muito importante. “É bom a gente ter essa reflexão sobre a democracia. Foi muito assertivo começar o governo com essa exposição maravilhosa, que está correndo o Brasil. É sempre bom refletir para fortalecer a nossa democracia”, observou a ministra.
A exposição foi inaugurada em Brasília, no dia 1º de janeiro, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e depois passou pelo Pará. Em Salvador, a mostra fica aberta a visitação de terça a domingo, das 10h às 18h.
Repórter Milena Fahel