Ao deslizar o dedo nestes badalados grupos políticos de WhatsApp, da cidade de Itabuna e região, achei este pérola mofada: “Eu prefiro brigar com homem, mulher é bicho doido...kkk”
Vou me ater pouco neste comentário que está em decomposição há séculos. O temor deste cidadão deve-se ao fato que culturalmente mulher foi predicada ao silêncio e reservada ao espaço privado e caso fale, ou se falar muito, pode causar medo.
A fala política feminina rompe com a cisnormatividade e os machistas de redes sociais ficam assustados.
Os apelidos misóginos usados em redes sociais, são reflexo do temor masculino, diante de mulheres que rompem com o ciclo da hegemonia masculina pública, daí se valem de velhos rótulos para mantê-las no silêncio: doidas, loucas, bruxas, desequilibradas...
Mas o diálogo que sucede é muito mais interessante. De um lado estão às figuras políticas do governo municipal, esforçando-se para defender a gestão atual, pré-candidata há reeleição. De outro lado está o grupo do “Museu de grandes novidades”, tentando trazer o velho, com novas releituras.
Se Itabuna já esteve na rota do desenvolvimento, foram pouquíssimos momentos que a colocaram, ou seja, poucos prefeitos conseguiram este feito, e estão bem apagados da lembrança popular.
Na era do colonialismo digital, administrações municipais deixam de executar as obras de infraestrutura que torne o ambiente de fomento a negócios e aumenta o índice de desenvolvimento humano e investem no engajamento de redes sociais. Esta sonhada infraestrutura acaba ficando restrita às perigosas campanhas, onde espaços públicos já começam a serem rifados.
Revitalizações dos equipamentos municipais não são plus, ou marca de boa gestão, é obrigação de qualquer um que assume uma prefeitura e manter os equipamentos municipais funcionando com qualidade e aumentando a sua capacidade. Estamos vendo prefeituras rosas “Instagramáveis”, criando contextos rasos de uma cidade de Barbie, porém com pouquíssima efetividade pública.
As postagens de rede sociais com contextos programáveis, coloridos e bem persuasivos, não alteram diversas realidades cinza como: do morador com esgoto de céu aberto na porta de sua casa, a fome de diversas famílias, falta de mobilidade urbana, a falta de emprego, educação e saúde precária do município.
Do outro lado da discussão está o “Museu de grande novidades”, com seu potencial cabo eleitoral, que irá tentar convencer a população que panela velha faz comida boa. Mas a população grapiúna ainda vive de indigestões de diversas administrações anteriores? Os anéis periféricos da cidade de Itabuna estão gerenciados pela economia ilegal, a qual corrompe a vida de adolescente e jovem.
Enquanto as mulheres que foi nosso assunto inicial, não esqueçam misóginos de redes sociais, ELAS são quase a metade deste eleitorado e vamos fomentar apoio a candidaturas que NÃO sejam virtuais, mas reais.
As mulheres estarão de olho em propostas factíveis que tenham condições de alterar a realidade do município de Itabuna e colocá-la na rota do desenvolvimento e não virtuais, as quais querem causar apenas causar engajamento eleitoral vendendo a Cidade Rosa da Barbie. Que sonho!
LISDEILI NOBRE - Mestre em Teologia, Doutoranda em Políticas Sociais, docente, Delegada de Polícia Civil/Ba e ativista social.
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