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Festival Cultura e Pop Rua começa hoje na capital paulista

Encontro é organizado por movimentos sociais e instituições culturais

16/08/2023 às 14h00
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
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São Paulo é a maior cidade da América Latina e, ainda assim, a disputa por espaços e a marginalização de uma parcela de pessoas parecem não terminar. Com o objetivo de proporcionar, ao menos, um canto de alegria, arte e lazer às pessoas em situação de rua na capital, começa hoje (16) o Festival Cultura e Pop Rua, organizado por coletivos, movimentos sociais, instituições culturais, pelo Museu da Língua Portuguesa e o Sesc SP, em conjunto com a prefeitura municipal.

O festival tem início com o minicurso Ações e estratégias para a ação cultural com a população em situação de vulnerabilidade social, ministrado por integrantes do Arts & Homelessness International (AHI) e que conta com a participação de Patrick Chassignet, chefe do setor Da rua à moradia, do Departamento de Missões Sociais da Fundação Abbé Pierre. O público também poderá assistir à peçaCena ouro - Epide(r)mia,da Cia. Mungunzá, no Teatro de Contêiner, às 19h.

Um dos lugares que compreendem que a população em situação de rua merece mais do que itens básicos de sobrevivência e que hoje também realiza o encontro Poesia, Boteco e Cinema em Fluxo, no âmbito do festival, a partir das 17h30, é o Bar da Nice, comandado pela empresária Nice Souza, de 49 anos. O local tornou-se um ponto de referência, tanto em termos de resistência e cultura como de acolhimento e humanização de usuários de drogas da região batizada de Cracolândia. A Cracolândia, com frequência, tem tido que lidar com a chegada de policiais e sua deflagração de guerra contra o tráfico e o que mais a abordagem dos agentes implique, o que geralmente significa truculência.

Nice cede espaço à realização de saraus, à exibição de filmes e pagode aos dançantes. Além disso, deixa à disposição da clientela livros de poesia, mais uma vez demonstrando que está de corpo e alma na mobilização mundial em defesa dos direitos das pessoas em situação de rua.

Em entrevista concedida àAgência Brasil, Nice comentou como seu bar acabou virando um lugar dos que mais contribuem para a política de redução de danos entre os usuários de drogas da região, objetivo que, muitas vezes, o sistema de saúde, de modo geral, não consegue atingir. Ex-prostituta e nascida em Belo Horizonte, a empresária permite que se perceba o que faz toda a diferença é a fineza, a brandura e o respeito pelo outro. "Eu me tornei isso pela empatia de oferecer um banho, uma comida. Não vendo a comida, eles comem comigo", resume ela, sem querer, quanto ao que representa em um contexto de tanta violência.

"Eles dizem: madrinha, deixa eu fazer alguma coisa [ajudar] ou ficar um tempinho aqui?", acrescenta ela, ao defender que a principal medida a beneficiar o grupo é oferecer moradia, já que, pela sua experiência de mulher rejeitada pela mãe, que fervia os copos após ela usar e disse que "a porta é a serventia da casa", por não aceitar que fosse profissional do sexo, muitas dessas pessoas não desejam voltar a morar com a família que têm.

A história de Nice em meio a balcão de atendimento, mesas, mordidas em petiscos e o tilintar de vidros teve início pouco antes da pandemia de covid-19. Um amigo seu fez proposta a ela, já que sua esposa desistiu de tocar o negócio do casal.

Nice topou o desafio. Certo dia, logo depois de assumir o comando do comércio, a polícia realizou uma operação na Cracolândia, para dispersar o fluxo de usuários. Alguns dos usuários se refugiaram no bar, esperando a poeira de violência baixar.

Então, seis meses antes da crise sanitária, Nice resolveu fazer o primeiro evento do bar com a população em situação de rua. "Eles gostam de ser reconhecidos", afirma. "Tem tanto talento aqui."

A organização do evento também pensou em ações de serviço à população, como vacinação e regularização de documentos. Quem quiser conferir toda a programação do festival pode acessar o perfil no Instagram .

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