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“Escrever é necessidade de resistência”, diz autora indígena

Márcia Wayna Kambeba lança livro sábado no Fliparacatu

23/08/2023 às 08h25
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
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A escritora Márcia Wayna Kambeba lança, no próximo sábado (27), durante a primeira edição do Festival Literário de Paracatu (Fliparacatu), o livroDe almas e águas kunhãs, com ensaios e poemas sobre temas como resistência de povos originários e respeito à natureza na Amazônia. Ela apresentará a palestra Narrando ancestralidades, ao lado da também escritora e pesquisadora indígena Trudruá Dorrico, a partir das 11h30, na Igreja Nossa Senhora do Rosário.

“Escrever e compor (ela tem mais de 30 músicas autorais) são necessidades para expressar resistência, comunicar e respeitar a cultura da gente, a natureza, o nosso olhar e compreender o entendimento que temos do mundo”, afirma a autora, de 44 anos, em entrevista àAgência Brasil.

Ela explica que a inspiração para a arte veio da ancestralidade, a avó. “Ela me motivava a escrever. Ela comprou minha primeira máquina de datilografia. Me colocou em um curso. Ela sempre apostou e apoiou para que eu me tornasse uma poeta, uma escritora”.

Incentivada, aos14 anos de idadeela começou a escrever os primeiros poemas. A avó morreu quando ela tinha 21 anos. Só foi depois de concluir o mestrado conseguiu publicar os primeiros livros. Ao todo, são seis impressos. Maistrês devem ser publicados em setembro (esses para o público infantil).

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Foto: Reprodução/Agência Brasil

Mulher

“O meu livro trata do papel da mulher indígena em todas as relações estabelecidas em que nós adentramos, a mulher indígena como pajé, na política, na proteção do meio ambiente e de nosso território”, dissea escritora,que é também pesquisadora de geografia. Com 44 anos de idade, é da etnia Omágua Kambeba, nasceu na Aldeia Belém de Solimões, do povo Ticuna, no interior do Amazonas, onde morou até os oito anos deidade.

Ela enfatiza que a literatura é voz contra as adversidades e violências que os povos indígenas sempre enfrentaram no Brasil. “Nós sofremos violências das mais diversas formas, nos aspectos culturais e territoriais, por exemplo. A própria natureza, quando é violentada, também nós sentimos dentro das aldeias”. Nesse sentido, ela explica que a mulher indígena tem ocupado mais espaço,como ser liderança, caciquee pajé.

“A gente não quer ser melhor que os homens e também não quer ficar atrás deles. Os nossos parentes, homens indígenas, têm compreendido bem esse posicionamento das mulheres”. Não aquela que fica em casa, mas a que lidera. A pesquisadora explica que a literatura entrou na vida dela quando a avó recitava poemas que ela mesmo escrevia. “Ela era compositora da aldeia. Eu cantava para os turistas que visitavam nosso povo”.

Com nove anos de idade, mudou-se para São Paulo de Olivença e depois para Tabatinga, onde cursou geografia. Depois, fez mestrado na mesma área. Mas, encantada pelas poesias, foi para Belém cursar doutorado em letras.

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