Tem coisas que não conseguimos tirar da cabeça. Estou falando da forma que aprendi a desenvolver uma OCORRÊNCIA, isso há mais de quarenta anos. Aprendi com colegas que sequer concluíram o segundo grau, enquanto EU sim. Hoje vejo que tive a fórmula certa, porque tinha que estar presente quando o problema chegasse e assim "passar tudo que tinha visto para o papel". Primeiro fazia o rascunho e depois transcrevia para o livro próprio. Um dia tive a curiosidade de querer saber porquê fazer primeiro o rascunho, foi então que ouvi como resposta "LIVRO DE OCORRÊNCIA NAO PODE TER ERRO, NEM REMENDO".
Pensando bem, como uns senhores que mal tinham o primeiro grau estavam ali ensinando uma pessoa que concluiu o segundo grau?. Ah, eu estou falando dos COMISSÁRIOS da velha Guarda-Civil que foram transformados em Agentes Policiais. Incrível era que a certeza deles que a ocorrência tinha que ter" COMEÇO (quem trouxe), MEIO (o que aconteceu e a causa) FIM (quais as providências tomadas pelo delegado do plantão). Depois o agente que elaborou a ocorrência tinha por obrigação datar e assinar. E foi desta forma fazendo meus rascunhos (seguindo o aprendizado dos homens da época) que minhas ocorrências até os dias de HOJE têm começo, meio e fim.
Valendo salientar que as explicações do fato eram da mesma forma contada pelo apresentador (militar) dos implicados no fato. Vocês hão de pensar porque estou falando dessas “bobagens” do passado. Não podemos deixar de admitir que a Polícia Civil da Bahia iniciou a tentativa de melhorar a qualidade das ocorrências com a implantação da tecnologia, vindo então o SISAP, SIGIP e agora o PPE, demonstrando e dando um toque de evolução. Chega, mas todos nós sabemos que a tecnologia vem para dar avanço e para dar melhoramentos à qualidade dos serviços da Policia Civil.
Mas o que não podemos negar é que não veremos a qualidade do TAL avanço se os responsáveis pela elaboração nas ocorrências não tiverem o conhecimento e disponibilidade para fazer as redações de excelência, juntando então a tecnologia implantada.
De uma coisa tenho convicção, que em três linhas não podemos chamar nem de RECADO quanto mais de OCORRÊNCIA. Desta forma, fica aqui o meu repúdio ao atual contexto do Boletim Policial.
Por Fátima Umbelino - Policial Civil Aposentada
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