Um policial federal e outros quatro homens morreram nesta sexta-feira (15) durante operação contra o crime organizado em Salvador, na Bahia. A Secretaria de Segurança Pública do estado informou que mais dois agentes (um da Polícia Federal e outro da Civil) ficaram feridos na troca de tiros com criminosos.
O agente Lucas Monteiro Caribe chegou a ser socorrido para o Hospital Geraldo Estado (HGE), na capital baiana, mas não resistiu.
Os policiais, que participaram da operação Fauda, caíram em uma emboscada com mais de 40 criminosos fortemente armados na Estrada do Derba.
Helicópteros da PM buscam por traficantes que atiraram contra policiais durante a madrugada. Carregadores e munições abandonados em uma região de mata fechada no bairro de Valéria foram localizados pelos agentes de segurança. Cerca de 100 agentes das forças federal e estadual participam da operação.
Como parte de um acordo de cooperação entre os governos estadual e federal para reprimir a criminalidade, a PF participa de operações na Bahia desde agosto.
A operação é realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que começou a atuar no mês passado para tentar coibir as organizações criminosas que se instalaram na Bahia, principalmente ligadas ao tráfico ou à milícia. A Bahia vive uma crise na segurança pública e tem sofrido com altos índices de violência urbana e letalidade policial nos últimos anos.
O Estado é governado pelo PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há 16 anos.
Quem era o agente morto durante operação em Salvador
Lucas Caribé Monteiro de Almeida tinha 42 anos, baiano de Salvador, era solteiro e não tinha filhos. Ele ingressou na Polícia Federal em 2013, na Superintendência Regional no Pará (SR-PA), sendo inicialmente lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas (DELEPAT-PA) e, em seguida, na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE-PA).
Passou a integrar, em 2019, a Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia, sendo lotado, inicialmente, no Núcleo Especial de Polícia Marítima (NEPOM). Atualmente, fazia parte do quadro de policiais do Grupo de Pronta Intervenção (GPI).
Em nota, a PF lamentou a morte do agente, prestou condolências a familiares e amigos e informou que o diretor-geral substituto da instituição policial, Gustavo Paulo Leite de Souza, decretou luto oficial de três dias.
Batizada de Operação Frauda, a ação desta sexta-feira conta com a participação de cerca de cem policiais e tem como foco de combate uma organização criminosa que atua no tráfico de drogas e armas, homicídios e roubos. Dois fuzis, duas pistolas, carregadores, munições, rádios comunicadores e roupas camufladas foram apreendidos pelos agentes. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, na tentativa de abordagem, houve confronto e quatro homens acabaram atingidos. Eles foram socorridos, mas acabaram morrendo.
A previsão é de que o corpo de Lucas Caribé seja cremado no final da tarde desta sexta-feira.
Desde agosto, a Polícia Federal participa de operações na Bahia como parte de um acordo de cooperação entre o governo estadual e federal para reprimir a criminalidade no estado.
O policial Lucas Monteiro Caribe chegou a ser socorrido com os outros dois agentes (um da Polícia Civil e outro também federal) para o Hospital Geraldo Estado (HGE), na capital baiana, mas chegou à unidade sem vida. Não há detalhes sobre o estado de saúde dos outros policiais.
Os outros dois homens que morreram são suspeitos de fazer parte do grupo criminoso que trocou tiros com os policiais.
O que diz o governador
Nesta sexta, o governador Jerônimo Rodrigues apresentou novas viaturas na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador. Perguntado sobre a operação integrada em Salvador, ele lamentou a morte do policial federal.
"Eu quero me solidarizar com a Polícia Federal, que perdeu um homem na iniciativa de uma operação, em Valéria. É uma iniciativa da polícia em desmontar a atuação do crime organizado na Bahia", disse Jerônimo Rodrigues.
De acordo com o governador da Bahia, a determinação dele, do secretário de segurança Marcelo Werner, do presidente Lula e do ministro Flávio Dino é de que a polícia "não dê trégua" para os criminosos.
"Nós não queremos e determinamos que sejam trazidos corpos. Queremos presos, para que a gente possa, a partir da prisão deles, garantir mais informações e fazer uma operação com sucesso", afirmou.
A Bahia vive momento de insegurança nos últimos meses, com troca de tiros entre policiais e homens armados e apreensões de armas pesadas. No início deste mês, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, admitiu que a guerra entre facções é a principal responsável pela violência no estado.
Um mês antes, a PF e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia lançaram a 'Força Integrada de Combate ao Crime Organizado'. No desfile do 7 de setembro, o governador do estado negou que vai pedir intervenção federal para a segurança pública do estado, após os casos de violência registrados em Salvador.
No entanto, Jerônimo Rodrigues admitiu a possibilidade de adotar a medida futuramente, caso entenda que isso seja necessário.
"Se precisar, não terei problema, mas não há ambiente agora para a gente duvidar [da segurança da Bahia]. Não é preciso a intervenção do governo federal no estado da Bahia. Estamos tranquilos e firmes com isso", disse.
Governador Jerônimo Rodrigues comenta o caso
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