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Famoso Boletim Interno, quem lembra?

Quando vejo a Polícia Civil da Bahia, em pleno século XXI no avanço com tantas tecnologias, câmera facial de reconhecimento, drones, celulares de última geração, podemos agradecer que aquela época passou, acabou, será?

Carlos Nascimento
Por: Carlos Nascimento Fonte: Bel Luiz Ferreira
08/11/2023 às 09h55 Atualizada em 08/11/2023 às 10h26
Famoso Boletim Interno, quem lembra?

No final da década de 80, quando ingressei na Polícia Civil da Bahia, me deparei com um procedimento que era adotado pela instituição, que lembrava o meu tempo de caserna, refiro-me ao famigerado BOLETIM INTERNO

Na minha época de caserna, na briosa forças aéreas brasileira, em todos os fins de expediente, de segunda a sexta-feira, lia-se o boletim, e quem foi militar como eu, lembra da mais temida leitura, a quarta parte (justiça e disciplina). Naquele momento reinava o silêncio, pois sempre um ou outro guerreiro, estava de pernoite, detido, ou até mesmo preso, era um suspense para quem tinha aprontado. Por exemplo, um coturno sujo, um cinto sem brilho, uma barba por fazer, tudo isto era motivo para punição, chegar atrasado? Nem pensar, era quase certeza de ter que cumprir uma cadeia. Naquela época tudo era motivo de alegria e de gozações entre os que eram "bisonhos". Todos nós sabíamos que as forças armadas era o berço da disciplina, como dizia o ditado: "ali era o lugar que filhinho chora e mãe não vê", ali se aprendia dentre outras coisas, a ser homem.  Nos quartéis como dizia Geraldo Vandré: "Nos ensinam antigas lições de morrer pela pátria e viver sem razão". 

Voltando ao meu ingresso na Polícia Civil, lembro que existia o respeitoso cargo dos poucos Comissários de Polícia, o famoso Chefe do Plantão. Era aquele policial já com uma certa idade, experiente, como se diz "maçetoso", que sabia resolver as coisas e só incomodava ou repassava um problema, uma situação para o delegado, se não tivesse jeito, o cara era o cana. 

Agora vamos ao tal B.I (Boletim Interno), meus amigos, e amigas, esse expediente nada mais era que uma forma de controle, de vingança, de mordaça, que tinha os delegados, para usar contra o policial e este nada podia fazer. Vou lhe dá um exemplo,  não recordo a data, mas o ano foi em 1989, um delegado pediu para um policial lhe levar em casa, como o policial rodava táxi nas horas vagas, e o plantão já se findava, nada mais justo do que ele se adiantar para exercer sua outra atividade, pois era um complemento de renda, já que os investigadores, sempre tiveram uma péssima remuneração, resumindo o policial se negou, e explicou os motivos. No dia seguinte estava lá no tal Boletim Interno, o policial havia sido punido com cinco dias de suspensão por ter "desrespeitado" seu superior hierárquico, um absurdo. Era assim naquela época, daí vem o jargão que policial bom é aquele que compra tempero para o delegado, leva os filhos para o colégio, a mulher no salão e por aí vai. Tinha um que toda semana ia na casa do delegado dá banho no cachorro, verdade, parece até mentira, mas creiam é verdade. 

Quando vejo a polícia Civil da Bahia, em pleno século XXI no avanço com tantas tecnologias, câmera facial de reconhecimento, drones, celulares de última geração, podemos agradecer que aquela época passou, acabou, será? 

As vezes o retrocesso não ocorre por conta dos avanços técnicos, os retrocessos são pura e unicamente por ações desastrosas do próprio ser humano, não vejo com bons olhos, por exemplo a instrução Normativa n° 02, do GDG, quando busca normatizar o uso das redes sociais, isto é uma opinião minha, deve ser respeitada, ser aceita, aí já é outra coisa, vejo como sendo uma camuflada censura prévia. Aprendi ao longo da minha vida que no campo jurídico, o balisador das nossas ações é a nossa carta magna, a Constituição Brasileira, e nela no seu Artigo 5° parágrafo IV: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Esse é o artigo que, para muitas pessoas, resume o direito à liberdade de expressão, um conceito que tem sido muito debatido na sociedade brasileira nos últimos anos. O ser humano insiste na teoria do Lobo, a qual segundo Hobbes, essencialmente o "homem é o lobo do próprio homem", ou seja, ele é capaz de colocar em risco a sua própria espécie.

Por instintos de autopreservação e egoísmo, o ser humano tenderia a entrar em conflitos e guerras que ameaçariam os seus próprios irmãos. Qualquer semelhança com o tratamento de alguns delegados de polícia com os investigadores, com certeza plena, não é mera coincidência. 

A pouco tempo dizem nos sombrios corredores, nos DEC - Departamento de Escadas e Corredores, que havia uma diretora que suas reuniões era a base de palavras de baixo calão, xingamentos, ofensas, e todos como uns cordeirinhos saiam calados, por medo de perder os seus cargos. O último Delegado Geral, para se falar com ele, tinha que marcar audiência com o governador. 

Algumas coisas mudaram, mas a natureza humana, está é subjetiva, demanda de família, formação moral, ética, educacional, e acima de tudo a crença em Deus. Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 61 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
Contato: lcfsferreira@gmail.com  
facebook.com/LcfsFerreira

Normativa n° 02, do GDG

 

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Bel LUIZ CARLOS FERREIRA
Bel LUIZ CARLOS FERREIRA
Luiz Carlos Ferreira - Brasileiro, baiano, casado, servidor público aposentado, torcedor do vitória, residente no Rio Grande do Sul, Bacharel em Direito, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, pós graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
E-mail: lcfsferreira@gmail.com | facebook.com/LcfsFerreira
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