Em 1882 enquanto militar (Força Aérea Brasileira - FAB), por motivos de disciplina, dei um soco na cara de um sargento homossexual que me assediou, um conhecido sargento Veloso, do quartel da BASV Base Aérea de Salvador, e por tal motivo fiquei preso durante 20 dias, só não foi pior porque meu saudoso pai era oficial da Marinha do Brasil, e como pai procurou saber os motivos que havia me levado ao cárcere, como era na época da ditadura militar, pouco se falava, pouco se perguntava e pouco se dizia, o medo prevalecia, qualquer semelhança com os tempos atuais, com certeza não é mera coincidência, pois qualquer regime ditatorial como é o comunismo, é pautado pela ditadura.
Pois bem, dito isto, lembrando do meu passado, eu sei um pouco do que é se insurgir contra o sistema e sei o que é lutar por meus valores, éticos, morais, no caso que acabo de contar, caso eu aceitasse o assédio, certamente seria mais um dos "boys", de um superior hierárquico, e quem sabe não me tornaria um deles, mas a formação que tive no seio da minha família, fez com que eu não aceitasse aquela situação.
Na minha vida sempre busquei agir assim, se nós nos colocarmos no lugar do próximo, saberemos qual é a sua dor, porém infelizmente as pessoas agem por impulso, e não medem as consequências.
Na Polícia Civil da Bahia onde passei 32 anos, indubitavelmente foi o local onde passei mais tempo laborando e posso dizer que nunca vi tantas pessoas em um metro quadrado com tantos desvios de caráter. Na Polícia Civil o preço que as pessoas se vendem é incrível, as vezes até por uma promessa de chefia, é surreal. Na Polícia Civil você ouve diálogos que se por um acaso você não estiver vendo as pessoas, você não sabe se é uma conversa entre marginais (formais), ou entre "policiais".
Nos falta respeito, nós falta moral, nos falta ética, mas acima de tudo nos falta coragem, os pilares que sustentam qualquer instituição que se respeita, chama-se hierarquia e disciplina, na polícia civil a hierarquia não existe e a disciplina é o fato de você ser subserviente a um "superior hierárquico", é melancólico e vergonhoso.
A finalidade da qual deveria ser a existência da Polícia Civil já não existe mais, deixamos de ter razão para nossa existência, hoje o policial de "delegacia de bairro", se resume a digitar ocorrências e tomar conta do patrimônio público, hoje não há mais investigação nas delegacias de bairro, estes policiais são vistos até como inferiores, pelos policiais de especializadas, esta é a pura realidade. Já as especialidades estão lotadas de policiais fantasiados, tudo para agradar a administração e o governo, são policiais midiáticos, acabou o "cana dura", o "cana raiz".
Quando vejo alguns remanescente que insistem em dizer que na Polícia Civil está difícil trabalhar, eu não dou nem mais uma resposta, pois sei que aquele servidor, como muitos que ainda lutam pela sua dignidade, não consegue enxergar que estão diante de um sistema onde atualmente o que prevalece são os interesses políticos e a polícia investigativa, briosa, independente, não interessa a classe política, ou seja aos verdadeiros "donos" da polícia.
Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 61 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
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