Um querido colega Investigador de Polícia, inteligente, articulado, e como diz no meio policial safo, me contou esta história muito engraçada.
Conta ele que antigamente quando a polícia apreendida um veículo e podia ficar com o carro "cargueado", até a seguradora pagar o prêmio pela apreensão, vários policiais assim o fazia, comunicação a apreensão do veículo furtado ou roubado, e após uns três meses a seguradora entrava em contato e pagava um prêmio ao policial e resgatava o veículo.
Ocorre que este investigador, assim ele conta, estava passando por uma situação financeira delicadíssima, e resolveu por sua conta e risco, não informar a apreensão do veículo, passando em ocorrência, e passou a utilizá-lo, como se fosse o proprietário. Colocou uma "placa fria", que na época era algo trivial e seguiu a vida. Alguns curiosos quando lhe perguntavam sobre o carro, ele dizia que havia comprado, tudo certinho, inclusive colocando no seguro total.
Passado algum tempo, o referido investigador que gostava de uma cervejinha, festas e badalações, resolveu ir na famosa festa de Iemanjá, a qual ocorre anualmente no dia 02 de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.
Lá o policial dançou, paquerou e tomou muitos tragos de batida de limão do famoso e lendário Bar do Diolindo, assim como bebeu muitas cervejas em várias barracas.
Lá para madrugada, resolveu ir embora, contudo o seu estado etílico bastante alto, fez com que em uma manobra no "seu carro", colidisse em um veículo de uma senhora, a qual desceu do carro e viu o estrago causado, quebrando as duas lanternas traseiras e amassado a mala do veículo. O investigador tentou conversar com a proprietária do carro, mas antes que ele falasse muito, a tal senhora disse educadamente: "Meu senhor, eu moro na rua aqui atrás, sai agora para dar um socorro ao meu pai, estou vendo que o senhor tomou algumas bebidas, eu vou chamar a polícia!". O investigador ponderou com a *vítima", tentou mais uma vez argumentar, porém a senhora desta feita, sem cerimônia abriu a bolsa e se apresentou, juíza de Direito da 20ª Vara Criminal.
O Investigador então pegou seu celular e falou para juíza, não se preocupe, eu estou acionando o meu seguro, e ato continuo começou a falar no celular, lógico que com ninguém do outro lado da linha, e passou a andar de um lado por outro, foi, foi, foi... até que conseguiu alcançar um beco próximo do largo da Mariquita, e literalmente empreendeu fuga, correndo desesperadamente e abandonando o "seu veículo", no local do crime.
O Investigador conta que não sabe, não soube e nem quer saber o que aconteceu com o "seu carro"...
Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 61 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
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