O que deixou o União Brasil mais otimista com a possibilidade de Bruno Reis se reeleger logo no primeiro turno, conquistando o segundo mandato, não foi a significativa frente do prefeito de Salvador do segundo colocado, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB).
Pesquisa da AtlasIntel, divulgada no último dia de 2023, domingo (31), apontou Bruno com uma diferença de quase 40% sobre Geraldo. O chefe do Palácio Thomé de Souza com 51,9%. O vice-governador 12%.
Como não bastasse a insatisfação de uma considerável ala do PT com a escolha de Geraldo como pré-candidato da base aliada jeronista na sucessão soteropolitana, tem também o pessimismo como adversário, levando o desânimo a tomar conta da campanha.
A prova inconteste de que a ala do PT, identificada como da esquerda autêntica, já começa a criar problemas para Geraldo, é a votação de Kleber Rosa (PSOL), que obteve 10%, empatando tecnicamente com o prefeiturável emedebista. Os petistas descontentes estão se tornando "cabos eleitorais" da pré-candidatura do psolista.
Mas o que faz o União Brasil acreditar que Bruno pode liquidar a fatura no primeiro turno, e até com certa facilidade, é o fato de que a influência do presidente Lula na sucessão de Salvador é muito pouca. O Lula "puxador de votos" não funciona na capital.
Em conversas reservadas, membros da cúpula estadual do PT, sob a batuta de Éden Valadares, já admitem o favoritismo de Bruno. Alguns chegam a dizer que uma derrota que não seja acachapante já é uma grande vitória.
BASE ALIADA: O RETORNO DO PP
Quem acompanha a notícia de que o PP pode indicar o companheiro de chapa de Geraldo Júnior, pré-candidato a gestor de Salvador pelo MDB dos irmãos Vieira Lima, Lúcio e Geddel, é o prefeiturável Jabes Ribeiro, primeiro colocado em todas as pesquisas de intenções de voto para o comando do cobiçado Palácio Paranaguá, sede da prefeitura da irmã e vizinha Ilhéus.
Uma eventual composição do PP com o PT, com os progressistas indicando o vice de Geraldo, vai fazer com que as três maiores lideranças do lulopetismo da Boa Terra - governador Jerônimo Rodrigues, senador Jaques Wagner e, principalmente, o ministro Rui Costa - assumam uma posição de neutralidade no processo sucessório que vai indicar o substituto de Mario Alexandre, impossibilitado de disputar à re-reeleição por força da legislação eleitoral, que não permite o terceiro mandato consecutivo.
O caro e atento leitor perguntaria por que usei o "principalmente" ao me referir a Rui Costa. O ministro da Casa Civil foi, quando então governador, o melhor "prefeito" de Ilhéus. Rui seria um invejável "cabo eleitoral".
"Se houver um projeto consistente de parceria com Geraldo, iremos levar o tema para analisar na Executiva municipal", responde o deputado federal Mário Negromonte Júnior, presidente estadual do Partido Progressista, quando questionado sobre o assunto. Parece que o dirigente-mor do PP gostou da possibilidade da legenda indicar o vice de Geraldo Júnior.
Vale lembrar que Jabes Ribeiro, ex-gestor de Ilhéus por quatro vezes, é o secretário-geral do PP na Bahia.
AGONIA INTEMPESTIVA
Falar de sucessão presidencial de 2026, com tantos problemas desafiadores, que precisam urgentemente de soluções, é de uma irresponsabilidade gigantesca. Imagine da sucessão de 2030.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anda dizendo que "o nome de Lula é consenso no PT para 2026". Sobre o pleito de 2030, quer o lulopetismo já discutindo uma opção para substituir o petista-mor.
"O PT precisa começar a se preparar para essa transição", declara Haddad, que tem pela frente, como adversário interno no Partido dos Trabalhadores, o ministro da Casa Civil e presidenciável Rui Costa, ex-governador da Bahia por dois mandatos.
Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o sonho de Fernando Haddad é o mesmo de Rui Costa: ser presidente da República.
COLUNA WENSE, QUARTA-FEIRA, 03.01.2024.