Terça, 03 de Dezembro de 2024
24°C 27°C
Salvador, BA
Publicidade

Perito(as) Criminalístico(as) ganham o vencimento que merecem! E o vencimento dos(as) Investigadores(as) e Escrivães? Deve ser o mesmo dos(as) Peritos(as)?

Na caminhada de luta pelo Salário de Nível Superior já ouvimos de tudo nos últimos 14 anos. Do absurdo de que não existe SNS até a dúvida na comparação entre o padrão de vencimento dos Peritos Criminalísticos e o padrão de vencimento dos Investigadores(as) e Escrivães. A nossa luta pelo Salário de Nível Superior, está num patamar onde precisamos desconstruir alguns espantalhos e revelar o verdadeiro valor da atividade investigativa nas mãos de IPC's e EPC's

Carlos Nascimento
Por: Carlos Nascimento Fonte: Por DENILSON NEVES'
10/01/2024 às 08h13 Atualizada em 10/01/2024 às 08h22
Perito(as) Criminalístico(as) ganham o vencimento que merecem! E o vencimento dos(as) Investigadores(as) e Escrivães? Deve ser o mesmo dos(as) Peritos(as)?

Uma vez o ator brasileiro, Pedro Cardoso (aquele que imortalizou o personagem "Agostinho Carrara" na obra "A Grande Família"), disse:

“...Num país onde foi construído o arcabouço cultural e costumes com referências em mais de 400 anos de genocídio do povo originário e da escravização do povo negro trazido da África, percebemos que possui uma imensa dificuldade de VALORIZAR e RECONHECER o TRABALHO. Nós, brasileiros, aprendemos a valorizar as coisas, os objetos, a coisificação da vida! E quase nada aprendemos para valorizar o TRABALHO!...”

Mas é preciso entender que as coisas (objetos, imóveis, aparelhos e etc.) são a expressão materializada do trabalho realizado. Não é obra do além. É a concretização de trabalho humano expresso em objeto (que parece desarticulado da ação do ser humano. Mas, não é!).

Poderíamos dizer, então, que ao endeusarmos e super valorizarmos os objetos, artefatos, aparelhos e etc., estaríamos valorizando o trabalho? Peremptoriamente, NÃO! Pois, o olhar do  ser humano, imediatamente, diante do objeto é de desarticulação da definição do objeto como algo que reserva acúmulo de trabalho realizado historicamente. O olhar é um olhar alienado, desprovido desse entendimento. E por isso o objeto torna-se mais valioso do que o trabalho contido nele.

Por exemplo (seguindo o exemplo do ator brasileiro): O ser humano é capaz de comprar um imóvel de R$ 1.000.000,00. Mas se assusta quando um trabalhador cobra R$ 5.000,00 para efetuar uma pintura no mesmo imóvel.

Algo similar, podemos observar nas relações e na cultura no interior da PCBA. Valorizamos muito mais uma “palavra dita” ou escrita por um DPC e malogramos ou entortamos a boca quando essa palavra ou texto é proveniente de um(a) Investigador(a) ou escrivão(ã). As resultantes proferidas e tornadas manchetes nos veículos de comunicação, ressoadas e verbalizadas por um(a) DPC’s sempre serão redução em síntese do trabalho realizado por um conjunto de trabalhadores(as) da PCBA que são invisibilizados e desprezados na realização e concretização das suas atividades. Nunca será trabalho autônomo, independente ou exclusivo de um(a) DPC.

Contudo, nessa caminhada de luta pelo Salário de Nível Superior já ouvimos de tudo nos últimos 14 anos. Desde o absurdo de que não existe SNS até a dúvida na comparação entre o padrão de vencimento dos Peritos Criminalísticos e o padrão de vencimento dos Investigadores(as) e  Escrivães.

Estou falando isso para desmistificar uma conversa mal versada que ocorre nos bastidores dos(as) trabalhadores da PCBA. Quando se referem ao trabalho do Perito Criminal (e os seus saberes) comparado ao serviço do Investigador de Polícia (e seus saberes).

Ora o Perito Criminal realiza um trabalho onde o uso de equipamentos, aparelhos e objetos científicos que são constantes e marcantes para seu labor. Inclusive para obtenção dos seus resultados.

Esse trabalho é muitíssimo valorizado. São ofertados resultados oriundos desses objetos e equipamentos. Esse é valorizado inegavelmente.

O trabalho realizado pelo Investigador de Polícia, poucas vezes lança mão de equipamentos, objetos e medidores objetivos.

O trabalho de investigação criminal é amiúde de cunho subjetivo. De percepção e colhimento de declarações e testemunhos. É frequentemente oriundo de trabalhos que estão calcados na observação, descrição e conclusões advindas do(a) Investigador(a). São frutos de uma complexa relação multidisciplinar e transversalizada de conhecimentos que estão para além da objetividade. No entanto, é mais complexo e mais profundo.

Todavia essa especificidade é subestimada, desvalorizada e secundarizada pela cultura nacional. E é justamente esse pensamento que faz com que em bastidores, alguns desprovidos de análise crítica, imaginarem que a busca pelo SALÁRIO DE NÍVEL SUPERIOR, exigindo o padrão de vencimento IGUAL ao do Perito Criminalístico, seja um devaneio. Ou uma busca que não possui precedentes.

Na forma da lei encontramos justificativas plausíveis. A investidura é a mesma. As responsabilidades dos cargos fazem com que, numa hierarquia promovida no sistema criminal, o RIC - Relatório de Investigação Criminal, seja imprescindível diante de possíveis laudos técnicos científicos. Na complexidade, não há como comparar a imensa complexidade dos atos e produções do labor de Investigadores Policiais com a produção ofertada pela perícia. Obviamente que o trabalho subjetivo possui maior complexidade e periculosidade.

No aspecto das atribuições, nos deparamos com atos diferentes e gêneros que se assemelham. Em suma, fica claro a magnitude da importância da Investigação Policial realizada por Investigadores(as), em claro destaque frente ao trabalho da perícia criminal. Essas breves e superficiais comparações já dão conta do valor/trabalho e a importância jurídica, formal que as atividades possuem.

Este é o motivo para entendermos que o valor do trabalho não pode ser inferior ao valor do objeto. O uso dos objetos, maquinários e equipamentos facilitam o trabalho, mas não obscurece e nem suprime o valor da realização do trabalho! É preciso valorar o trabalho dos(as) Investigadores(as) e Escrivães na sua real acepção.

A formação técnico científica, a produção de documentos que se assemelham a um relatório acadêmico, mesmo que não seja oriundo de equipamentos raros e caríssimos, possuem valor e importância que em nada devem aos laudos da perícia criminal. Pelo contrário! Estão, num ordenamento hierárquico de importância, à frente do laudo.

Portanto, a nossa luta pelo Salário de Nível Superior, está num patamar onde precisamos desconstruir alguns espantalhos e revelar o verdadeiro valor da atividade investigativa nas mãos de IPC's e EPC's.

Salário de Nível Superior, já!

Por Denilson Neves

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
QUEM VAI PAGAR? Há 1 mês

LER DORT NO SERVIÇO PÚBLICO – QUEM VAI PAGAR POR ISSO.

No contexto do serviço público, é importante entender que os servidores também estão sujeitos a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A Lei nº 8.112/1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, aborda essa questão em seu artigo 212:

DIREITOS DO CIDADÃO Há 1 mês

CONHECIMENTO É PODER!

Conhecer a responsabilidade civil é como possuir um superpoder no mundo jurídico. Com esse conhecimento, você pode navegar com confiança, sabendo que seus direitos serão respeitados e que você tem o respaldo necessário para enfrentar qualquer desafio.

Perdeu por W.O. Há 1 mês

A esquerda que teme dizer seu nome não vai deixar saudade

Uma análise fria dos números das eleições do último domingo, não deixa dúvidas: o Brasil não virou à direita, nem muito menos à esquerda, mas ao centro. Ou melhor, ao Centrão.

ELEIÇÕES 2024: Há 2 meses

ELEIÇÕES 2024: Como a tecnologia pode ameaçar a Democracia

Em meio à preparação para as eleições municipais de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem intensificado o seu arsenal contra uma ameaça crescente: a disseminação de fake news por meio de tecnologias avançadas.

JUSTIÇA 4.0 Há 2 meses

Futuro do Judiciário no Brasil aponta para uso cada vez maior da Inteligência Artificial

Um dos centros dessa revolução é o Programa Justiça 4.0. Trata-se de uma iniciativa ambiciosa destinada a acelerar a transformação digital do Poder Judiciário brasileiro.

COLUNISTAS.
COLUNISTAS.
Aqui você encontra profissionais que fazem a diferença trocando experiências e falando de tudo um pouco. Nossos Colunistas são especialmente convidados para dividir com você suas vivências cotidianas em um bate-papo recheado de utilidade e variedade. Os artigos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais iconográficos publicados nesse espaço “opinião” não refletem necessariamente o pensamento do Página de Polícia, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor.
Ver notícias
Salvador, BA
28°
Tempo nublado
Mín. 24° Máx. 27°
31° Sensação
7.9 km/h Vento
73% Umidade
20% (0.12mm) Chance chuva
04h58 Nascer do sol
04h58 Pôr do sol
Quarta
27° 24°
Quinta
27° 24°
Sexta
26° 25°
Sábado
27° 25°
Domingo
27° 25°
Publicidade
Publicidade


 


 

Publicidade
Economia
Dólar
R$ 6,07 +0,01%
Euro
R$ 6,37 +0,01%
Peso Argentino
R$ 0,01 -0,10%
Bitcoin
R$ 613,228,07 -0,32%
Ibovespa
125,688,47 pts 0.36%
Publicidade
Publicidade
Enquete
Nenhuma enquete cadastrada
Publicidade
Anúncio