A verdade é que os dirigentes de partidos, me refiro ao comando estadual, deixando de fora as honrosas exceções, infelizmente poucas, são falsos defensores da democracia.
O mandonismo, assentado no "manda quem pode, obedece quem tem juízo", domina o nosso sistema partidário. É assim que caminha a política brasileira.
O discurso da alternância do poder como meio para oxigenar a democracia é de mentirinha. Os "donos" da legenda fazem de tudo para permanecer - ad infinitum - como chefe do partido.
No tocante a comissão provisória, é bom logo dizer que não sou contra. É necessária para arrumar o partido diante das exigências da legislação eleitoral. Inaceitável é sua provisoriedade se tornar permanente para satisfazer interesses de determinadas lideranças políticas.
A comissão provisória não pode ser destituída por qualquer motivo. E mais : a precípua função dos membros que a compõem, mais especificamente do presidente, é transformá-la em diretório municipal.
Sobre esse mandonismo, cada vez mais intenso e escancarado por parte do comando estadual, cabe a executiva nacional tomar as devidas providências.
Em ano de eleição, principalmente no que diz respeito à Câmara dos Deputados, é que se percebe o "manda quem pode, obedece quem tem juízo". A condição para permanecer na frente da comissão provisória - conditio sine qua non - é apoiar a candidatura da liderança-mor do partido, quase sempre o presidente estadual da agremiação partidária. Não pode sequer citar o nome de outro candidato da sigla.
Ou faz cafuné em quem comanda a legenda, virando cabo eleitoral, ou deixa de ser o "comandante" do partido no município. É defenestrado sem dó e piedade. Tem até quem exige uma determinada votação.
Como não bastasse todo esse mandonismo, tem ainda o deboche. Quando alguém chia, o "dono" do partido diz que "lugar de chorar é no pé do caboclo".
PS - A primeira coisa que a liderança-mor da legenda promete para quem vai assumir a comissão provisória, com o intuito de deixá-lo empolgado, é jurar, sem os dedos cruzados, que ele terá autonomia para decidir sobre a sucessão municipal. Ledo engano. Uma mentira deslavada e de um gigantesco cinismo.
COLUNA WENSE, TERÇA-FEIRA, 23.01.2024.