Aposentado vem de aposento, e no bom e velho "Aurélio", aposento nada mais é do que qualquer parte de uma casa que pode servir para uma pessoa se instalar.
Entende-se portanto que aposentadoria seria um lugar seguro, mas no nosso Brasil? Nem tanto. No caso de aposentadoria do outro Aurélio, o Marco Aurélio do STF, este sim pode dizer que é um aposentado, ex-ministro, com salário exorbitante e tendo ainda pela frente inúmeras benefícios, isto sim é um aposentado de verdade.
Dentre tantas coisas que o tempo se encarrega, uma delas é a oportunidade de podermos chegar um dia, acordarmos e não mais precisar olhar o despertador, e melhor ainda, não termos que olhar certas pessoas que sinceramente, não tínhamos o menor prazer em cumprimenta-las. Hoje vejo que o que a aposentadoria me tirou, a vida tem me dado em dobro, o resgate da minha dignidade. Busco viver com qualidade, fazendo uma assepsia de coisas e pessoas tóxicas que faziam mal a minha existência.
É um prazer indescritível, uma sensação que pensava não existir, acordar e como está na moda, olhar minhas redes sociais e ver no Whatsapp amigos me convidando para jantar. Passamos 1/3 das nossas vidas em um ambiente, onde as reuniões são no Campo Santo, Bosque da Paz e no Jardim da saudade, triste e lamentável. Dificilmente o policial tem outro policial como compadre, já notaram isto? E não é a toa, é fruto de um ambiente onde é cada um por si, e as vezes Deus por todos.
Mas, voltando a aposentadoria, agradeço por ter visto tantas coisas, conhecido tantas pessoas as quais todas me ensinaram muito, umas para tentar sem igual a elas, já outras, de como não ser igual a elas. O preço pago por esta trajetória é o de ter caminhado com filáucia, em paz consigo e com amor próprio, os trocos? Ah, este a própria vida fica encarregada de dar para cada um, pois somos frutos do que plantamos: "O plantio é facultativo, mas a colheita é certa".
Parabéns a toda a classe de aposentados, principalmente aos que labutaram contra a criminalidade, com salários baixíssimos, em ambientes sem a mínima estrutura, expondo suas vidas, e buscando sempre uma sociedade mais igual e justa, mesmo sendo perseguido por um sistema onde cruelmente insistem em tratar com desigualdade seus próprios pares. Viva a todos os policiais aposentados do Brasil, são verdadeiros heróis de uma guerra sem fim.
Bel Luiz Carlos Ferreira de Souza - Brasileiro, baiano, casado, 61 anos, servidor público aposentado pelo estado da Bahia, atualmente reside no estado do Rio Grande do Sul, com formação técnica em redator auxiliar, acadêmico em História, Direito, pós-graduado em Ciências Criminais, política e estratégia e mestrando em políticas públicas.
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