A exposição Agô, do artista, curador, pesquisador e professor Ayrson Heráclito encerrará sua temporada no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_Bahia), após seis meses em cartaz no equipamento cultural. Dando início à finalização desta temporada, será realizada a performance inédita Falando e fazendo comida de santo neste sábado (24), às 17h, na Galeria Contemporânea do museu.
‘Falando e fazendo comida de santo‘consiste em narrar histórias e preparar oferendas para algumas deidades de origem afro-baiana. Na obra, mais de uma dezena de pratos referentes às comidas de “santo” são executados pelo performer que entoa, poeticamente, alguns dos seus significados reunindo um acervo de Itans, contos oriundos da cultura Yorubaiana e propagados em terreiros desta tradição. Será possível visitar a série de fotografias Bori, definida pelo artista como ebó-arte, referindo-se aos ebós, oferendas de rito específico para cada deidade e realizadas por motivos variados.
‘Agô’ permanecerá em cartaz no MAC_Bahia até o dia 3 de março. Durante o período da exposição, o museu recebeu a visita de mais de 52 mil pessoas.
Farol conceitual para a programação inicial do museu, a mostra apresenta um panorama de trabalhos em distintos suportes e períodos, incluindo alguns inéditos na Bahia. Sua produção valoriza e ressignifica os pilares filosóficos, estéticos, artísticos e culturais que fundamentam a cultura baiana afro-diaspórica.
O Museu de Arte Contemporânea da Bahia está localizado na Rua da Graça, 284, Graça, Salvador – BA e funciona com entrada gratuita de terça-feira a sábado, de 10h às 22h, e aos domingos e feriados, de 8h às 20h. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail mac_bahia@ipac.ba.gov.br , pelo telefone (71) 3117-6897 e pela página no Instagram @mac_bahia .
Cultura afro-brasileira, por Ayrson Heráclito
Ayrson Heráclito é, atualmente, o principal nome da arte contemporânea da Bahia e um dos principais do Brasil. Como artista, ele transita em diferentes linguagens: pintura, desenho, escultura, fotografia, audiovisual, instalação e performance.
Como professor do Centro de Artes e Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), sistematizou sua pesquisa na academia obtendo os títulos de doutor em Comunicação e Semiótica, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), e mestre em Artes Visuais, pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) – na linha de pesquisa de História da Arte -, o que também lhe credencia para o trabalho como curador de mostras e exposições. Suas obras já foram expostas em espaço decisivos para os caminhos da arte na contemporaneidade, seja em espaços históricos do sistema das artes na Europa e EUA, seja em lugares de potência no chamado Sul Global do circuito contemporâneo da América Latina, África e Ásia.
Como pesquisador, produz reflexões e investiga diferentes aspectos da prática artística e da história da arte. Desde a poética dos materiais e suas implicações políticas, até a crítica à pintura, além da notadamente presente ligação entre a espiritualidade religiosa e a produção de afetos na arte contemporânea.
Partindo do contexto histórico da colonização e da escravização de povos africanos no Brasil, o artista começou a conceber o conceito de corpo afro-diaspórico, que tem como fluido vital o azeite de dendê. O dendê é o sangue ancestral, que oxigena e dá vida a este corpo, é a saliva que lubrifica a oralidade que faz este corpo falar e é o sêmen dourado da divindade Exu, que procria e fertiliza.
Mais atividades
Além da performance especial ‘Falando e fazendo comida de santo’, o público pode conferir as exposições Acervo Inicial, composta pelas obras que foram transferidas do MAM Bahia para formar o acervo inicial do MAC_Bahia. São cerca de 175 trabalhos, de 102 artistas de diferentes regiões do país, que foram premiados ao longo das 16 edições do Salões do MAM Bahia, que aconteceram entre 1994 e 2009; e Muro, que conta com a participação de mais de 50 artistas urbanos que atuam nas ruas da cidade de Salvador e que tiveram seus trabalhos incorporados ao acervo do museu.
Os visitantes também podem conferir as ocupações Desexílios: Passado Presente, do escritor, jornalista e ativista dos direitos humanos, Jean Wyllys; e Mas é Carnaval!, do coletivo baiano GIA (Grupo de Interferência Ambiental). A programação do museu ainda conta com Cine Paredão, sob curadoria do GIA; Amanhecer no MAC, com atividade de dançaterapia com Clênio Magalhães; além de visitas guiadas pelo equipamento cultural.
Sobre o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia
O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia(Ipac) é uma autarquia vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) e atua de forma integrada e em articulação com a sociedade e os poderes públicos municipais e federais. Está na salvaguarda de bens culturais tangíveis e intangíveis, na política pública estadual do patrimônio cultural e no fomento de ações para o fortalecimento das identidades culturais da Bahia.
Fonte: Ascom/Ipac