Nesses momentos de tragédias, geralmente me recolho para não parecer estar usando a dor como desculpa para atos políticos.
Conheci o Investigador Lopes, operamos juntos, tínhamos uma relação amistosa e sempre que nos encontrávamos a conversa era certa, boa e longa. E nesse caso, quando um colega mais próximo é vitimado, sentimos… Os Policiais Civis da Bahia, num curto espaço de tempo, foram atingidos de forma dura e cruel pelo medo da perda e pela dor da perda. Eis que perdemos um colega Policial Federal, tivemos dois colegas baleados e agora perdemos nosso irmão, Lopes.
Não é um fato comum a morte de um policial, mesmo convivendo com o perigo e tendo a morte como companheira indesejável, mas constante em nossa vida. Contudo, não é aceitável a relativização da morte de policiais, o descaso, o proselitismo sobre nossos cadáveres, nem tão pouco a espetacularização midiática sobre algo tão trágico para encobrir as mazelas que nos afligem.
A morte de um Investigador de Polícia Civil, precisa ser um alerta para o despertar de uma consciência coletiva de união e luta. Não é aceitável vivermos sob o manto da morte e não sermos respeitados e valorizados. Não é crível políticas proselitistas de segurança pública que não nos valorizam de fato e de direito. Não é admissível ir para o front adoecidos, desestimulados, depressivos, angustiados, preocupados em como pagar as contas.
Não aceitemos menos do que realmente nos devem. E sabemos o que nos devem! Que sua alma descanse em paz, meu irmão de armas, Investigador Lopes!
As-salámu alaikum.
A paz de Deus esteja em você!
IPC Chico DenRiara
(*) Homenagem da Prefeitura de Itiúba ao IPC Hilberto da Silva Lopes.
https://www.paginadepolicia.com.br/noticia/63903/homenagem-da-prefeitura-de-itiuba-ao-ipc-hilberto-da-silva-lopes